Delegado diz não haver indícios da participação de políticos no desvio de R$ 2,4 milhões da Câmara de Itapecerica

Por Sandra Pereira | 22/02/2015

Desde o dia 4 de fevereiro a Delegacia de Itapecerica da Serra investiga o desvio de R$ 2,4 milhões, somente em 2013, dos cofres da Câmara Municipal. O inquérito que apura o desvio chegou a ser remetido à Delegacia Seccional de Taboão da Serra para conhecimento dos fatos e retornou ao distrito da cidade poucos dias depois.  O Ministério Público (MP) de Itapecerica também investiga o desvio e vai entrar com processo civil por improbidade.  O delegado titular de Itapecerica, Dr. Marcelo dos Santos afirma que o inquérito está em andamento e diz que a Polícia Civil vai tentar recuperar o dinheiro roubado da Câmara. Por enquanto, o delegado descarta a participação de políticos no crime e a prisão preventiva dos três acusados de cometer o crime.  O delegado concedeu entrevista ao Jornal na Net dia 12 de fevereiro, antes do processo estar tramitando em segredo de Justiça.

“É principio básico tentar recuperar o dinheiro desviado da Câmara. Vamos tentar fazer isso. Essa é a regra. Estamos investigando. Já fizemos contato com o MP que foi acionado pelos próprios vereadores.  Por enquanto não é caso dos acusados responderem presos”, explicou. 

O delegado disse que a polícia investiga a participação de comerciantes do município na fraude – leia mais aqui . Segundo ele até o momento não apresenta indícios de participação de vereadores ou do prefeito Chuvisco, conforme vem sendo pregado pela oposição ao governo dele na cidade. Dr. Marcelo esclareceu as razões que o levaram a remeter o inquérito a Seccional, relembre aqui  e disse que já fez várias diligências na Câmara. 

“Enquanto não envolver nenhum vereador essa investigação do desvio vai ficar aqui comigo. Enviei o caso para Seccional para que o meu novo chefe tivesse conhecimento. A Seccional tinha acabo de mudar de comando e achei por bem informar o que estava acontecendo. Enviei o inquérito para conhecimento do novo delegado seccional e se ele quisesse investigar por lá poderia ter feito. Mas, depois que ele analisou o caso me mandou de volta”, afirmou. “Tenho vários inquéritos que estamos apurando aqui mesmo. Tenho investigações contra Erlon Chaves, Jorge Costa, Chuvisco e vários outros políticos. Todas estão sendo feitas por nós”, completa.  

O delegado observou que não houve flagrante, apesar do clamor público que o caso provocou em Itapecerica da Serra. Ele explicou que os acusados não preenchem os critérios necessários para justificar pedidos de prisão temporária ou preventiva e chegou a comparar a situação dos três ex-servidores acusados pelo desvio de recursos da Câmara com alguns acusados de participação na Operação Lava Rápido que estão em liberdade.  

“Não há estado flagrancial e nem necessidade de prisão por enquanto. Apesar do clamor público não está previsto prisão temporária. Para isso deveria haver formação criminosa ou formação de quadrilha. Na operação Lava Jato existem várias pessoas que não foram presas. A prisão acontece quando a pessoa pode continuar praticando o crime, prejudicar a investigação ou fugir. Nenhum desses fatos está ocorrendo então não há necessidade de prisão nesse momento. 

Segundo o delegado no começo de fevereiro os vereadores estiveram na delegacia com os funcionários pedindo que eles fossem ouvidos. “Disseram a grosso modo que os funcionários haviam confessado o desvio e isentado os vereadores de participação”, lembrou. 

Relembre o caso 

No final de 2014 o Tribunal de Contas do Estado apontou haver erro contábil nas contas da Câmara de Itapecerica referente ao exercício de 2013. O suposto erro foi na verdade um desvio de R$ 2,4 milhões praticado por três funcionários comissionados da Casa que trabalhavam no departamento financeiro e no RH. Eles foram exonerados. Assumiram a autoria dos desvios e uma sindicância foi aberta para apurar os fatos. Leia mais aqui, aqui  e aqui.

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