Com protestos de servidores Câmara aprova abono salarial em Taboão da Serra

Por Sandra Pereira | 25/06/2014

Em greve há 20 dias para cobrar reajuste salarial  após 18 anos de salários congelados, os servidores públicos de Taboão da Serra lotaram a câmara municipal na sessão desta terça-feira, 24, para acompanhar a votação de um abono salarial enviado à Casa em regime de urgência pelo Executivo. O abono proposto varia entre R$ 100, R$ 150 e R$ 200,  e contempla parte dos servidores municipais. Mesmo assim, o clima entre eles não era de conquista. Eles vaiaram vereadores, bateram boca, comeram pizza e chegaram a esvaziar o plenário em protesto. Apesar de não haver unanimidade sobre os rumos da greve muitos servidores avaliam que o abono pode fragilizar a paralisação que já vinha sofrendo desmobilização nos últimos dias. O impacto financeiro do abono nos cofres municipais não foi informado. 

A oposição taxou a proposta de “abono esmola” e tentou aprovar emenda fixando o abono em R$ 380 e estabelecendo prazo para incorporação nos vencimentos. A proposta foi rejeitada ainda nas comissões e nem chegou a ser apreciada em plenário. A situação defendeu e aprovou o abono e não poupou críticas aos 18 anos sem reajuste para a categoria. Os servidores presentes censuravam o valor oferecido pelo governo, mas não havia consenso entre eles sobre os rumos do movimento que será definido nesta quarta-feira, 25, em assembleia na frente da prefeitura. A meta do movimento é mobilizar o máximo de servidores possível para mandar ao governo o recado de que o abono não vai calar a categoria. 

“Defendo o diálogo com todas as categorias e entendo que nesse momento o abono é uma conquista. Não podemos deixar de votá-lo e favorecer as categorias atendidas. Pra mim o prefeito sinalizou aqui uma reabertura nas negociações que estava prejudicada por posições políticas pessoais. A pauta não se encerra hoje. Devemos continuar com o debate”, disparou o presidente da Câmara, Eduardo Nóbrega. “Para quem ganha R$ 700 um abono de R$ 200 faz sim muita diferença”, afirmou Marcos Paulo. “Está na hora da cidade corrigir esse erro histórico com os nossos servidores municipais. Temos que aprovar o abono e lutar por mais conquistas”, completou Cido.  

De acordo com a professora Sandra Fortes essa é a maior greve já realizada na história do funcionalismo de Taboão, supera até mesmo o movimento de 2005 que rendeu 10 dias de paralisação na usina. Ela disse ter levantamento mostrando que a greve atingiu índice máximo em vários setores. Contou que a ideia é ampliar a mobilização naqueles onde a penetração do movimento ainda é pequena e revelou haver relatos de pressão contra servidores para não aderir a greve.  

Sandra Fortes virou alvo na Casa de leis de Taboão da Serra. Logo após a saída dela e da maior parte dos servidores do plenário os vereadores dispararam várias críticas a professora e puseram na conta dela o entrave nas negociações com o prefeito Fernando Fernandes. Eles disseram que Fortes travou a negociação ao fechar acordo com o prefeito numa reunião e mudar de ideia ao deixar a sala dele. 

“O abono é uma vitória do movimento. Sem ele nem isso a gente teria. É uma vitória parcial, que eu não gostaria de ter. Agora a categoria vai definir em assembleia se a greve permanece. A ideia inicial é de que a gente retome o movimento e comece a lutar pela incorporação do abono, acredito que esse será o norte do movimento. O prefeito já provou que tem dinheiro. Por isso a ideia é lutar a partir dessa conquista pela incorporação”, afirmou Ademir Segura, presidente do Siproem. 

Segura disse que o Siproem representa aproximadamente 400 dos mais de 2 mil servidores da educação. Para ele a adesão da categoria a greve está em torno de 10%. O presidente diz que ao menos 200 professores aderiram ao movimento grevista, embora a maioria não participe das manifestações. “Eles são o que chamamos de grevistas de pijama. Não participam dos atos mas estão em greve e apóiam o movimento”, declarou, acrescentando que a lei de Greve garante aos trabalhadores que não haverá descontos de seus vencimentos.


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