Após 10 horas de greve frota da Miracatiba volta a funcionar em Itapecerica

22/05/2014

Os motoristas e cobrados da empresa Miracatiba entraram em greve na madrugada desta quinta-feira, 22, reivindicando melhorias nas condições de trabalho, salário, ticket de refeição, folgas e demissão do Diretor de Trafego Pacheco. A paralisação teve fim às 13h30, após o Sindicato apresentar os pedidos para a empresa metropolitana e ter parte das solicitações atendidas. A greve afetou as cidades de Itapecerica da Serra, São Lourenço, Juquitiba, Embu das Artes, Embu Guaçu, Cotia, Taboão e São Paulo. Fotos, fotos, fotos, fotos, vídeo e vídeo.

Cerca de 1,9 mil funcionários e 500 ônibus, paralisaram a viação Miracatiba, única empresa de transporte público de Itapecerica da Serra e algumas cidades da região, um dia após as empresas de ônibus da cidade de São Paulo pararem. Sindicalistas estiveram no local para articular um acordo.

“Nós estamos em época de campanha salarial, e por isso entramos em greve. São Paulo tem o salário diferente da nossa região”, disse Reinaldo de Moraes.

Na pauta da reivindicação estavam o aumento salarial, ticket, horas extras, folgas, férias, condições de trabalho e a retirada do diretor Pacheco, que era acusado pelos funcionários de assédio moral.

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“Tudo aqui é abaixo de São Paulo, o VR é abaixo, o salário também. Nós não temos folga no domingo, nossas férias demoram para sair. Ninguém quer atrapalhar a vida de ninguém, mas nós queremos os nossos direitos”, disseram um grupo de motoristas.

Alguns cobradores também denunciaram abusos trabalhistas, como mais de 16 horas de trabalho sem interrupção, não possuírem banheiros nos pontos finais e paradas de fiscais. Um fiscal afirmou que em menos de 10 meses de trabalho já perdeu mais de 10 quilos, por não ter pausa para se alimentar.

“Eu não consigo comer e ir no banheiro, às vezes tenho que urinar dentro de uma garrafa Pet”, disse uma fiscal.

Outra reclamação é o medo constante de assaltos, pois os cobradores são obrigados a andarem com o dinheiro da empresa. “Se alguém roubar a gente temos que pagar em até 24 horas, se não tomamos gancho ou somos mandados embora”, disse uma cobradora.

O vereador Edicarlos Sangue Bom estava no local da greve e ouviu todos os apelos dos funcionários. Sangue já declarou por diversas vezes o seu repúdio pela empresa MIracatiba.

“Desde cedo eu estou aqui dando apoio como vereador e como o povo. Sei que eles trabalham muito, até 16 horas. Eles estão lutando pelos direitos deles e eu concordo, porque toda categoria tem esse direito”, disse Sangue Bom.

Quem também esteve na greve foi o prefeito Erlon Chaves, que veio até a Miracatiba tentar articular com a empresa e funcionários o fim da greve. O prefeito pediu para os motoristas e cobradores voltarem para as linhas, afim de não prejudicar a população que utiliza o transporte público.

 “A nossa preocupação é a concessão pública e a nossa cidade. A situação dos funcionários é o sindicato que vai discutir isso”, disse o prefeito, que após o discurso foi vaiado pelos grevistas.

“O prefeito veio aqui e falou que atrapalhamos a cidade dele, mas nós também somos da cidade e queremos melhorias trabalhistas, pois um funcionário satisfeito poderá atender o passageiro melhor”, disse um motorista.

A greve durou até às 13h30, quando o presidente do Sindicato José Alves do Couto, falou com os grevistas sobre o acordo realizado com a Miracatiba. Assuntos como hora extra, mudanças no cálculo das férias e limpeza dos sanitários da empresa também foram abordados. Sobre o aumento do salário o sindicato informou que deverá ser discutido em assembleia.

Mesmo com algumas reivindicações atendidas, os grevistas pediam ainda a demissão do diretor de tráfego Pacheco. A greve só foi finalizada quando o dono da viação Miracatiba foi até a porta da empresa solicitando que os funcionários retornassem ao trabalho e pedindo informando a demissão de Pacheco.

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William Rédua, gerente Geral da viação Miracatiba, falou sobre a greve. “Foi uma paralisação que ninguém estava esperando, o pessoal pegou a gente de surpresa e eu nem desconfiava, o senhor Fernando veio até a empresa para discutirmos os acordos. Chegamos a um acordo em comum e vamos colocar essa frota para rodar”.

A greve foi finalizada, porém alguns moradores ainda reclamam do transporte público na região, que ainda não está normalizado 100% e com alguns carros sem rodar por falta de funcionários.


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