ANTT descarta retorno no km 276 da BR, região promete lutar por dispositivo

31/10/2013 | Sandra Pereira

Com a justificativa de que o custo com desapropriação é elevado e o argumento de que a mudança do local do retorno na Régis Bittencourt do km 277 para o 276 atrasaria a obra os representantes da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) descartaram a possibilidade de implantação do dispositivo de retorno no km 276 visando atender moradores do chamado vale do Pirajuçara. A informação foi repassada pelos integrantes da ANTT e da autopista Régis Bittencourt (Arteris) que administra a rodovia durante a reunião do Consórcio dos Municípios da Região Sudoeste de São Paulo (Conisud), ocorrida nesta quarta-feira, 30, na Câmara Municipal de Embu das Artes. Durante o encontro o Conisud regionalizou a pauta de reivindicação das cidades cortadas pela BR. 

“O dispositivo vai sair no 276 ou no 277, os dois não saem. O contrato prevê um único retorno, que hoje é no 277. Para fazer um outro é preciso haver reequilíbrio de tarifas, que é uma coisa mais complexa, hoje está previsto no 277.  É mais rápido e mais simples realizar o que está no contrato. Só a licença ambiental, por exemplo, demora em média 6 meses para sair”, Marcelo Gottardello, analista de sistema da ANTT. “Não podemos garantir dois retornos e nem a promessa disso”, completa.

Na mesma linha do discurso de Marcelo Gottardello os técnicos da Arteris descartaram o retorno no 276. Disseram ter estudo pronto para execução de novo dispositivo em Taboão, mas se prenderam aos custos da obra como agente limitador. 

Na reunião os representantes da Arteris apresentaram balanço das obras e investimentos realizados e os que estão previstos para serem executadas entre Taboão da Serra e Juquitiba. A Arteris prevê investimentos da ordem R$ 1,5 bilhão nas cidades com a implantação de passarelas, dispositivos de retornos e rodovias marginais que praticamente vão interligar os municípios. A meta das marginais será evitar que o tráfego de veículos urbanos vá parar na rodovia. A construção da alça de retorno no km 277 está prevista para ocorrer em março de 2015. 

No próximo dia 7 haverá uma nova reunião na qual deverá ser apresentado um estudo preliminar visando a implantação de um dispositivo de retorno em Taboão. Apesar da ANTT já ter descartado um novo retorno a meta das lideranças regionais é lutar por um novo dispositivo para atender aos moradores de Taboão. A reunião comprovou que a luta não será fácil, mas também demonstrou o interesse de lutar pela sua concretização. 

 "Sairão as duas alças. Dia 7 vamos fazer uma reunião com a Arteris e a ANTT. O retorno do 277 está certo. O do 276 não será possível. Já que não dá pra desapropriar a empresa Búfalo então a proposta é levar o retorno para mais perto de Taboão da Serra. Essa definição sairá no dia 7. A ANTT sinalizou que é possível e autoriza os dois retornos. Agora nos colocamos os engenheiros e arquitetos das seis cidades, mais Arteris e ANTT para pensar a solução técnica”.

Para o presidente do Conisud o mais  importante é a região ter inserido na pauta da Arteris e da ANTT o projeto integral das obras a serem realizadas no eixo da Régis Bittencourt e não apenas as duas alças de Taboão e Embu.

 “Colocamos na pauta a concessão inteira no trecho de Taboão até Juquitiba, incluindo todas as obras. Trata-se de um investimento de R$ 1,5 bilhão que nós acompanhar passo a passo. Vamos conversar com todas as concessionárias como Congás, Eletropaulo, Sabesp e as demais. Vamos trabalhar para que as outras concessionárias participem da discussão e montem um cronograma integrado”, afirmou Chico Brito.

Representando o movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o ex-vereador de Taboão da Serra, Paulo Félix, disse que a população da cidade não abre mão do retorno. Respondendo aos técnicos que alegaram em suas falas que “o custo do retorno no 276, aliado ao problema sem fim que ele traria”, é pequeno se for comparado ao ônus que os moradores pagam por viver num município cortado pela rodovia. Ele avisou aos integrantes da ANTT e Arteris que haverá reação na cidade, inclusive com fechamento da rodovia, caso o retorno não saia. 

“Se inicialmente o retorno estava previsto no 276 é porque era viável. Não vamos arregar um milímetro da discussão desse retorno no 276. Pode chover canivete. Se tem serviço de inteligência aqui, ponham para trabalhar. Não se surpreendam com as paralisações que vão acontecer na BR. Se Juquitiba parar nós vamos parar no mesmo dia, sem violência. Mas eu aprendi que quer a paz se prepara para a guerra”, disse. 

Entre os participantes da reunião estavam o prefeito de Itapecerica, Amarildo Gonçalves, o de São Lourenço, Fernando Seme, o Fernandão e o de Juquitiba, Francisco Júnior, que classificou o retorno recém inaugurado na cidade como retorno da morte. O prefeito sensibilizou todos os participantes ao relatar os problemas que o município enfrenta após a abertura de um retorno na rodovia, que já causou ao menos dois acidentes graves e arranca críticas sérias da população.

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