Pontos lotados e longa espera deixa terça complicada sem transporte público
08/10/2013
A manhã desta terça-feira, dia 8 de outubro começou de forma complicada para os moradores de Taboão, Embu das Artes e Itapecerica da Serra. Muitos desistiram de ir ao trabalho, faculdade e cursos devido à greve de mais de 600 ônibus de 30 linhas da viação Pirajuçara desde as 4h30. Os pontos ficaram lotados e a espera pelo coletivo chegou a ser até de três horas, como no caso da leitora do Jornal na Net, Wanda Reis. “Estou em casa. Fiquei quase três horas no ponto”. Os ônibus da empresa continuam nas garagens e não há previsão de normalização do serviço. Veja aqui a situação registrada nesta manhã na Kizaemon Takeuti e diversas ruas de Embu.
A greve que pegou todos os passageiros de surpresa começou devido a um problema interno provocado após desentendimento de um funcionário junto aos diretores, uma vez que não teriam aceitado o atestado dele e como represália o transferiram para a tarde. “Ele queria ser mandado embora, porém foi mandado por justa causa”, afirmou o funcionário há mais de 18 anos da empresa, Cleomar Pereira. De acordo com ele, as viações Osasco e Miracatiba, que fazem as linhas de Itapecerica, também aderiram à greve. “O sindicato queria que voltássemos a trabalhar e o pagamento só seria feito depois. Não aceitamos”, comentou.
Ele e mais outros funcionários permanecem sem trabalhar na porta da empresa. Um ônibus com um dos pneus esvaziados está atravessado em frente à porta da garagem em Embu das Artes e nenhum veículo consegue sair. São recorrentes as queixas de funcionários da empresa que alegam excessiva pressão, perseguição disciplinar, dupla função cobrador e motorista, falta de condições de trabalho entre outros.
Os funcionários cruzaram os braços para reivindicar melhores condições de trabalho, aumento em 50% das horas extras trabalhadas, férias, 13º salário a contar do período trabalhado, não em 7h33 como atualmente, cumprimento da CLT e participação na PRL (Participação nos Lucros e Resultados). Muitos deles afirmam que trabalham há mais de 20 anos na empresa, porém nunca receberam integralmente seus direitos.
“Eles não pensam nos funcionários, só neles. Demitem por justa causa e ainda fazem perseguição disciplinar”, afirmou Nerivaldo Oliveira. “Nem ao menos condições de trabalho eles garantem, por exemplo, paradas como do Fátima e Pinheiros nem banheiro tem”, reclamou Manoel da Silva. “A participação do PRL aqui é pago em duas vezes no valor de R$ 700 e em São Paulo, R$ 800”, comentou João Paulo. O funcionário Antônio Rodrigues pontuou que o 13º salário é cobrado em cima de 7h33 trabalhadas, porém tem funcionário que trabalha dez, doze horas.
Nos pontos, todos os passageiros diziam que a greve era uma surpresa. “Eles estão reivindicando seus direitos, mas não podemos pagar por isso. Ontem ouvi no ônibus que algumas linhas iam parar, porém não sabia que iam entrar de greve. Agora vou voltar para a casa e pedir para o meu marido me levar para o trabalho”, comentou a operadora de telemarketing, Luciana Santos.
Carlos Alberto estava muito preocupado. Ele entrava no trabalho às 9h50 e às 9h30 ainda estava no ponto. “O meu chefe não vai entender. Trabalho no Butantã e só fiquei sabendo a pouco da greve, porque uma mulher passou avisando do outro lado da rua”, disse.
A jovem Flávia da Silva ressaltou que só soube da greve porque sua mãe precisou voltar para a casa, pela manhã para pegar o bilhete único e ir por outro caminho para o portal do Morumbi em SP.