Donos de áreas desapropriadas em Taboão cobram explicações da Autopista Régis Bittencourt
"Moro com a minha mãe na casa ao lado da BR. Ela já é bem idosa e não queremos mudar pra longe do local onde moramos a vida inteira. A gente sabe que a desapropriação é inevitável. Só queremos garantias de que vamos receber um valor justo pela nossa casa pra gente poder continuar morando por aqui", afirma Luciana Vieira, 35, anos, moradora da Régis Bittencourt nº 2779.
Quem também está preocupada com os critérios para o pagamento das indenizações é a viúva aposentada Maria Aparecida Amaral Carneiro, 72 anos. Ela chegou a Taboão da Serra bem antes da Rodovia Régis Bittencourt ser construída. Morava numa casa que teve o quintal invadido durante a construção da Régis. Ela lembra que perdeu uma área equivalente a 75 metros e alega que nunca recebeu indenização.
"Espero até hoje pela nossa indenização. Nós fomos muitas vezes atrás entramos na Justiça e nunca recebemos importante centavo. Não comprei nada ilegal se hoje é nao foi minha culpa. Só não quero perder meus direitos de novo", desabafa em tom de preocupação.
A aposentada e os dois filhos dela dizem que vêem com desconfiança o fato da Autopista Régis Bittencourt se recusar a dar informações precisas sobre o pagamento das indenizações. Ela quer saber qual o valor do metro quadrado que a Autopista pretende pagar. Também quer saber o prazo e a forma de pagamento. Além disso, também quer saber mais detalhes do projeto e quantas pessoas são atingidas para conseguir trocar informações com eles.
Já o biólogo Reinaldo Amaral acredita que a forma como a Autopista vem agindo com os moradores "desrespeita os direitos constitucionais dos envolvidos". Para ele o projeto de implantação das marginais proposto no PER, é fundamental para minimizar os transtornos enfrentados no trânsito de Taboão da Serra.
O condomínio Jardim Iolanda também é uma das áreas atingidas pela desapropriação. O síndico do local, Nilton Esteves disse que já participou de uma reunião com o representante legal da empresa Autopista Régis Bittencourt, Francisco Silvério. Ele também esteve em outros locais da cidade e sua abordagem é criticada pelos moradores que chegam a reclamar do fato dele ter usado de subterfúgios para ter acesso às escrituras das propriedades.
O outro lado
“O projeto é elaborado de acordo com as necessidades físicas para implantação das ruas laterais, que irá garantir a acessibilidade com segurança às propriedades lindeiras à rodovia. A Concessionária esclarece que a desapropriação é necessária para a execução das obras e que os processos de indenizações seguem os trâmites legais normais”, diz a nota, que não trata sobre o pagamento das indenizações apesar dos questionamentos levantados pela reportagem do Jornal na Net.
Sandra Pereira