Moradores são contrários a extinção do transporte alternativo em Taboão da Serra

Quando a prefeitura de Taboão da Serra iniciou em 2009 a licitação do transporte alternativo a meta era melhorar a qualidade do transporte público na cidade. Mas o objetivo ficou no papel, a licitação não foi finalizada, e quem utiliza o transporte  municipal não poupa críticas ao atraso e superlotação constantes. Nas últimas semanas os últimos 23 perueiros que atuam na cidade, nas linhas 3 e 8, iniciaram uma mobilização visando manter suas atividades, depois de uma série de boatos indicando que a intenção do prefeito Evilásio Farias seria acabar de vez com a categoria. A prefeitura disse que não vai comentar o tema e a reportagem do Jornal na Net foi às ruas ouvir a opinião da população sobre o assunto. 

A moradora do São Judas Maria Rute, 19 anos, utiliza as peruas da linha 8 diariamente. Para ela o transporte alternativo demora a passar em razão da redução do número de peruas. “Mesmo assim ainda prefiro as peruas, porque são mais confortáveis e chegam mais rápido ao destino”, avaliou.

Maria foi à primeira de vários entrevistados a criticar a quase “extinção” do transporte alternativo no município e também a defender a criação de novas linhas deste transporte, a fim de suprir a demanda de passageiros. Para eles o número de ônibus da cidade não são suficiente em todos os bairros.

À reportagem os passageiros dizem temer que o prefeito Evilásio Farias acabe de vez com os perueiros. Até o momento a Secretaria de Transportes e Mobilidade Urbana disse que não irá se posicionar sobre o assunto.

“Pego o que vier primeiro, o ônibus já demora e está lotado, imagina se retirar todas as peruas”, disse a moradora do bairro Marabá, Sandra Régis de 38 anos. “As peruas servem como alternativo e por isso, são boas”, completa.

“Deveriam ter mais ônibus, mas como não tem as peruas não deveriam ser retiradas”, opinou a moradora da Kizaemon Takeuti, Rosana Ferreira de 31 anos. “As peruas devem ser usadas como complemento dos ônibus, que estão muito cheios e demoram muito para passar. Cada transporte deveria ter seu espaço”, observou Juliana Ferreira do bairro Jacarandá.

“Têm que colocar mais peruas, ou aumentar o número de ônibus, porque do jeito que esta só o passageiro se prejudica. Talvez com as peruas, eu não precisasse ficar mais de quatro horas no ponto de ônibus esperando o circular Clínicas no domingo”, desabafou Andréia Henrique, moradora do bairro Trianon.

A jovem de 20 anos, Bárbara Pavani, moradora do bairro Jardim Silvio Sampaio disse que só pega ônibus, porque não encontra mais o transporte alternativo nas ruas do município. “Eu preciso sair uma hora mais cedo para conseguir chegar a tempo na faculdade, que é no centro. Se tivesse peruas, seria diferente e eu optaria por elas”, opinou.

Na região onde antes funcionava o final da extinta linha circular nº 6 além dos passageiros são os proprietários de pequenos comércios ou imóveis que reclamam do fim da linha. Eles dizem que sem a perua o movimento na região caiu drasticamente levando ao fechamento de várias lojinhas e salões. 

“Para nós foi muito ruim o fim das peruas. Essa rua era bem movimentada e agora é difícil passar gente por aqui. O faturamento diminuiu e muitas lojas acabaram fechando”, contou uma moradora da rua Frei Galvão, no Saint Moritz.

Durante as abordagens feitas pela reportagem, somente uma pessoa disse que não pegaria de jeito nenhum o transporte alternativo. Uma idosa afirmou que se recusa de entrar nas peruas, porque os motoristas não respeitam as pessoas de idade e “olham com cara feia, para aceitar o bilhete”, que dá direito a esses senhores e senhoras a não pagarem condução.

A reportagem do Jornal na Net acompanhou pelo período de 2h, das 17h às 19h desta quarta-feira, 07, a rotina desgastante e o sofrimento desses trabalhadores em três pontos da cidade, bairro São Judas, Jardim Record e Avenida Kizaemon Takeuti. E constatou a demora de alguns coletivos e a extinção do transporte alternativo.

Nesta quinta-feira, 8, a Comissão de Transportes da Câmara Municipal de Taboão da Serra, convocou o ex-secretário de Transporte e Mobilidade Urbana, Claudinei Pereira, o atual secretário, Zoroastro Júnior e o dono da Viação Pirajuçara, Victor Dinis, para prestarem esclarecimentos a possível suspensão do transporte alternativo da cidade. Claudinei será ouvido às 10h, Zoroastro às 14h e Victor às 16h.


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