Assassinatos resultam em medo e toque de recolher em escola de Taboão
Os oito assassinatos ocorridos nas cidades de Taboão da Serra e Embu das Artes, que resultou na morte de um policial militar, entre segunda e terça-feira (9) - reveja aqui - continua sendo o assunto mais comentado entre os moradores das cidades, especialmente de Taboão. O policiamento foi reforçado no município e, o boato do toque de recolher já se concretizou na noite da última quarta (10) - relembre aqui. A insegurança que assola a cidade também ocasionou na dispensa de alunos que estudam no período noturno, em escolas estaduais.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou na última quarta-feira (10)
que vai colocar mais cinco mil policiais militares nas ruas no Estado de
São Paulo, com prioridade para cidades que têm apresentado mais
problemas com segurança pública, dentre elas, Taboão da Serra.
A
reportagem apurou que novos boatos de ataques a forças policiais podem
acontecer no feriado de Nossa Senhora Aparecida e Dia das Crianças,
comemorado na sexta-feira, dia 12. As policias civil e militar
permanecem em alerta e protegem a frente da Delegacia e bases
comunitárias, além de andar em dupla quando for atender ocorrências.
Essa
é a segunda vez que ocorrem boatos de ataques a forças policiais. A
outra realmente aconteceu, em junho deste ano. Quando algumas viaturas
da PM foram alvejadas por tiros – reveja aqui.
Toque de recolher nas escolas
Escolas estaduais de Taboão, entre elas a Maria José Antunes Ferraz, localizada no Pq Marabá estão com suas atividades noturnas interrompidas. Alunos foram dispensados, porque a coordenação da escola está temerosa pela onda de assassinatos que aconteceram entre a segunda a noite e terça (9) em vários bairros da cidade.
Pais e alunos do período noturno da escola foram chamados à unidade, onde a coordenação aconselhou o retorno dos alunos à suas casas, em virtude do clima de insegurança que assola o município.
Investigações
Os policiais civis que investigam os oito assassinatos ocorridos nas cidades de Taboão da Serra e Embu das Artes, entre segunda e terça-feira (9) encontraram, em algumas cenas de crime, cápsulas de munição .40, mesmo calibre usado pela Polícia Militar. Os invólucros já foram encaminhados para o Instituto de Criminalística (IC).
A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar investigam se policiais militares estão envolvidos nas mortes, que ocorreram depois que o policial militar Helio Miguel de Barros haver sido executado por dois homens em um posto de combustíveis da cidade. A polícia estuda a possibilidade de haver relação entre os crimes - aqui -.
De acordo com a investigação, todos os criminosos usavam capacetes e gorros para esconder o rosto. Durante a manhã desta quarta feira, duas vítimas foram enterradas no cemitério de Embu das Artes, uma delas, André Felipe Oliveira de Lima, de 16 anos. A versão da polícia é que na segunda à noite ele e um colega fugiam numa moto depois de um assalto. Os jovens teriam trocado tiros com os policiais, que reagiram e os mataram.
A versão da mãe, porém, é a de que naquela noite André saiu para passear com um amigo. A família disse que ele nunca havia usado uma arma. “Se a pessoa não está reagindo, por que não para, por que primeiro não vê quem é a pessoa para depois fazer alguma coisa”, disse a mulher, que não quis ter o nome divulgado ao portal G1.
“Ele não atirou, tenho certeza absoluta. Ele não atirou, meu filho não atirou.”
André morava com os pais e mais quatro irmãos. Tinha parado de estudar e fazia bicos como ajudante de pedreiro. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso. A onda de violência cresce na cidade a ponto de já haver rumores sobre ‘toque de recolher’.
Até agora, a sequência de crimes em Taboão da Serra e Embu das Artes, provocou abertura de dois inquéritos policiais, um para investigar o assassinato do policial Militar Hélio Miguel Gomes de Barros, outro para apurar a morte de dois jovens que, segundo a polícia, roubaram uma mulher e reagiram à tentativa de prisão.
O delegado responsável pela investigação ainda não decidiu se abre um inquérito para cada uma das outras mortes ou apenas um juntando todos os crimes em Taboão da Serra. Se o inquérito for único, vai ganhar força a linha de investigação de que todas as mortes têm relação.
O delegado foi cauteloso ao falar da ação de um grupo de extermínio: “Há indícios de que pode ter ocorrido uma ação nesse sentido, mas não se pode afirmar de maneira nenhuma, até porque a gente precisa investigar com mais cautela e com bastante critério”, afirmou Gilson Leite Campinas.