Esgoto e lixo poluem Guarapiranga em Itapecerica

Por Sandra Pereira | 16/08/2012

Um crime silencioso atinge diariamente trechos da represa do Guarapiranga, em Itapecerica da Serra.  Em vários locais, nas regiões onde as habitações impróprias ou irregulares são mais comuns, o esgoto domiciliar é despejado sem qualquer tipo de tratamento na represa. Uma das comunidades onde isso ocorre diariamente é o bairro Horizonte Azul situado próximo ao limite entre Itapecerica e São Paulo. 

No Horizonte Azul assim com em outras regiões o problema de moradia agrava o dano ambiental à represa. Ambos se fundem formando um cenário ímpar de agressão a um dos recursos naturais mais preciosos que existem: a água potável. A transferência das famílias que moram no local para os apartamentos construídos com recursos do governo federal seria a solução à curto prazo. Mas a obra está embargada, segundo os moradores por que a construção foi feita com vários erros.

Localizada na porção Sudoeste da Região Metropolitana de São Paulo, a Guarapiranga fornece água para abastecimento de cerca de 20% da população.  Vítima diária de crime ambiental a represa agoniza silenciosa esperando que autoridades ecoem o problema que pode comprometer o abastecimento de água num futuro bem próximo. 

Quem visita o local se choca com a seriedade dos danos ambientais cometidos contra a represa. Quem mora lá se habitua e deixa de considerar o problema muitas vezes até por falta de entendimento da seriedade do dano ambiental praticado no local. Veja fotos aqui

Os moradores dos locais mais próximos à represa também são os que mais a poluem. O esgoto das casas deles, assim como garrafas pet, móveis usados e até entulho são despejados próximo ao leito formando um cenário de total falta de respeito ao meio ambiente. 

O lançamento de esgoto no local levou ao aparecimento de algas e o comprometimento da qualidade do manancial e da água para abastecimento humano. Alguns investimentos foram feitos mais o problema persiste.

A transferência das famílias que moram praticamente às margens da represa estava prevista para esse ano, mas vai atrasar por conta de problemas na construção dos apartamentos. Como na cidade ninguém se pronuncia oficialmente sobre o fato fica difícil apurar o que vai acontecer realmente. 

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Esgoto domiciliar de imóveis irregulares é despejado na represa

A Represa de Guarapiranga foi inaugurada em 1908, sua finalidade era, originalmente, atender às necessidades de produção de energia elétrica na Usina Hidrelétrica de Parnaíba. Atualmente é utilizada para abastecimento de água potável para a Região Metropolitana de São Paulo por meio da Sabesp, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.


O outro lado

A Sabesp informou por meio da assessoria de imprensa que as questões de remoção de famílias são de responsabilidade da prefeitura de Itapecerica, bem como o lixo e entulho despejado no local. De acordo com a empresa a água da Guarapiranga passa por tratamento constantemente e o  nível de contaminação da represa é de responsabilidade da CETESB. 

Em relação à rede de esgoto a Sabesp alega que só poderia se posicionar após receber o  endereço exato sobre qual a reportagem do Jornal na Net faz referência. Entretanto, o problema ocorre em todo o bairro conforme constatou a reportagem. 

História

Inicialmente conhecida por Represa de Santo Amaro, Guarapiranga teve sua construção iniciada em 1906, pela Cia. Light, na época responsável pelo fornecimento de energia elétrica na cidade, sendo concluída em 1908.  Em 1928, com o crescimento da região metropolitana de São Paulo, Guarapiranga passa a servir como reservatório para o abastecimento de água potável.

A construção da represa de Guarapiranga e, posteriormente, da Billings, foi decisiva para o desenvolvimento da região de Santo Amaro, então um vilarejo autônomo nos arredores de São Paulo.

A partir dos anos 20 e 30, um crescente interesse pela ocupação das margens da represa, fez surgir loteamentos pioneiros que procuravam oferecer ao cidadão paulistano uma opção de lazer náutico. Daí o surgimento de bairros com nomes como Interlagos, Veleiros, Riviera Paulista, Rio Bonito.

A bacia Guarapiranga


A bacia Guarapiranga fornece água a quase quatro milhões de pessoas, principalmente na parte sudoeste da cidade de São Paulo. Já tem mais de cem anos e tornou-se a bacia mais ameaçada de extinção na área da Grande São Paulo. Os principais problemas são a expansão urbana desordenada sem saneamento básico e o uso disseminado da bacia hidrográfica para atividades econômicas, ameaçando a produção de água natural.


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