Médicos rejeitam salário de R$ 10 mil em Taboão
Nem mesmo o salário de até R$ 10 mil por mês, para jornada de trabalho que varia de 12 a 40 horas semanais, foi suficiente para atrair candidatos às vagas disponíveis para médicos de sete especialidades, para atenderem nas unidades de saúde de Taboão da Serra.
Das 62 oportunidades do edital 03/2012, publicado em março, que incluem 55 chances para preenchimento imediato e sete para cadastro reserva, apenas 22 profissionais constavam na relação de candidatos a realizarem a prova objetiva neste domingo, 13/05.
As informações constam da edição 413 da Imprensa Oficial do Município, conforme edital de convocação, também disponível no site da organizadora do certame. Para a especialidade de Médico Neurologista, para a qual havia três vagas, não houve nenhum candidato inscrito. Das 21 vagas para Médico Clínico Geral, dez se inscreveram.
Já para Médico da Família com sete vagas, três se candidataram. Por sua vez, para Médico Ginecologista, com seis postos três fariam a avaliação. Já para as especialidades de Médico Pediatra e Médico Psiquiatra, cada uma com 11opotunidades, três e duas inscrições respectivamente, e Médico Urologista com três vagas, um inscrito.
Má distribuição
O fato de não haver candidatos para preencherem as vagas de médicos em concurso para a prefeitura de Taboão da Serra não significa, necessariamente, a falta de profissionais no país. A explicação para o déficit de médicos no município pode estar relacionada, dentre outros motivos, pela má distribuição destes especialistas.
É o que aponta o levantamento inédito feito recentemente pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre a concentração de médicos no território nacional. O levantamento mostra que o número de profissionais aptos a atuar cresce em ritmo mais acelerado do que o da população, mas a distribuição está longe de ser uniforme.
Entre 2000 e 2009, a quantidade de médicos cresceu 27% - de 260.216 para 330.825. No período, a população brasileira cresceu aproximadamente 12% - de 171.279.882 para 191.480.630, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2000, havia no país um médico 658 habitantes; em 2009, um médico para 578.
Para Desiré Callegari, 1º secretário do CFM e responsável pela coleta das informações, o médico não precisa "ganhar muito, precisa ser valorizado e ter condições de trabalho". Para isso, defende como política de interiorização eficaz a criação de uma carreira de Estado para os médicos e a implantação de planos de cargos, carreiras e vencimentos.
O CFM também considera fundamental que a estrutura e os recursos tecnológicos da saúde sejam aperfeiçoados, principalmente no interior dos estados. "Não dá para fazer medicina sem investimento. O médico precisa ao menos de uma estrutura básica para atender adequadamente a população", ressaltou Desiré.
Reajuste salarial
O governador Geraldo Alckmin encaminhou à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo Projeto de Lei que promove aumento de até 71,3% no valor dos plantões pagos aos médicos e cirurgiões dentistas que trabalham em unidades da rede estadual. Hoje, a Secretaria de Estado da Saúde paga R$ 660 por plantão, além do salário mensal dos médicosForam estabelecidas três faixas de valor: R$ 1.130,71 por plantão para serviços de saúde localizados em áreas de difícil fixação de profissionais. Já em unidades com assistência de média complexidade situadas em áreas com excesso de demanda por atendimento em saúde ou em regiões carentes, o valor será de R$ 942,48 por plantão.
Agora o governo paulista trabalha para aprovar um novo plano de carreira específico para os médicos da rede estadual, visando promover significativo aumento na remuneração mensal paga à categoria. A proposta está sendo finalizada e o projeto também deverá ser encaminhado para aprovação da Assembleia Legislativa do Estado.