Encontro sobre violência nas escolas regionais é barrado

O encontro para discutir o combate à violência nas escolas onde professores e diretores são vítimas constantes de agressões, ameaças de morte e até assassinatos que seria realizado pela Apeoesp nesta terça-feira (27) na sede da Faculdade Anhanguera, em Itapecerica não aconteceu como planejado.

O motivo seria uma reunião com diretores agendada no mesmo dia e horário, “inviabilizando”, ou seja, não permitindo uma discussão mais ampla e com tempo estipulado para a continuidade da pauta estabelecida pelo Dirigente Regional de Ensino, Airton César Domingues.

“Ficou claro que o encontro ficou inviabilizado por conta de uma reunião com diretores marcada para o mesmo dia e algumas horas antes. Já que o dirigente sabia da reunião marcada na última terça-feira, pois participou de uma reunião que fizemos para definir a data e horário”, observou Miguel Leme, diretor da Apeoesp.

Segundo ele, a reunião marcada nesta terça, pelo Sr. Airton, “foi decidida algumas horas atrás, com orientação talvez do Governo do Estado para retirar o foco da falta de professores e dessa violência crescente que os professores estão sendo alvos”, avaliou.

Para finalizar Miguel afirmou que uma audiência pública mais ampla será marcada com o envolvimento de todos os setores, como polícia e especialistas para discutir o assunto. Uma pauta de reivindicações será feita e entre os “pedidos” está à ronda constante da Polícia Militar no entorno das escolas, e não dentro, como explica Miguel. “Percebemos que não dá certo a PM dentro da escola e sim no entorno”.

Questionado sobre o agendamento de uma reunião somente com os diretores nesta terça, o Dirigente Regional, Airton César Domingues disse que a reunião da Apeoesp juntamente com os professores e diretores não aconteceu somente pela falta de retorno de um membro da comissão que estava presente na reunião que definiu a data e também por falta de espaço. “Não houve retorno do diretor e os diretores estavam em capacitação, não tinham salas disponíveis. Foi somente falha de comunicação”, explicou.

Casos de violência sofridos por educadores, professos, gestores e funcionários são crescentes na região como aponta dados do Dirigente Regional de Ensino de Itapecerica da Serra, ao todo desde o início do ano, 89 ocorrências foram registradas. O número é maior, segundo apurou a reportagem, mas sem nenhum registro, como Boletim de Ocorrência.

A mais recente foi à agressão da mãe de uma aluna, na porta da escola, contra a diretora da EE Jardim Campestre, em Embu-Guaçu. Além de agressões, os professores também são ameaçados de morte, e até são brutalmente assassinados, como é o caso da professora Joyce Domingues, em frente ao EMEF Paulo Freire, em Embu.

“Não podemos aceitar que violências como essas, venham apenas reforçar as estatísticas, como foi o assassinato da professora Joyce. Mesmo reconhecendo que há diversas variáves nas situações de violência escolar, como a questão social, entendemos que medidas imediatas poderiam ser tomadas para minimizar esse quadro”, explicou o presidente da Apeoesp.

Uma educadora da Escola Jardim Campestre, Embu-Guaçu, contou rapidamente a agressão que sofreu por uma mãe de aluna. Um corte no supercílio e um grande hematoma no olho foram o resultado final da agressão. “A mãe já chegou transtornada questionando porque a filha não iria para excursão (que não era destinada para a turma dela). Após os ônibus saírem à estudante começou a chorar e ela me agrediu, não sei como, porque estava de costas, meio de lado”, relatou.

A professora disse que se sentiu desamparada por não encontrar nenhum artigo da Lei dez mil de 1961 que amparasse se caso, ela tivesse que ficar afastada por causa da agressão. “Não existe legislação que ampare funcionalismo público. A Lei precisa ser alterada. Estamos expostos a qualquer agressão. Se eu tentasse pedir licença, seria prejudicada”

De acordo com a nota divulgada à imprensa regional, para a Apeoesp as medidas seriam: construir uma efetiva gestão democrática das escolas garantindo a mais ampla participação da comunidade escolar; completar o quadro de funcionários de todas as escolas, convocando e efetivando as pessoas que passaram no último concurso e, garantir o afastamento temporário, sem nenhum prejuízo de ordem funcional, aos educadores que sofreram agressões ou estão sendo ameaçados.

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