Como Embu das Artes será afetada no projeto Nova Raposo

Cidadãos e organizações ambientais pedem esclarecimentos

Moradores da região de Embu das Artes manifestaram surpresa e preocupação ao tomarem conhecimento de que a concessão da Rodovia Raposo Tavares para a iniciativa privada pelo governo estadual inclui a construção de uma nova rodovia ligando a Raposo Tavares à Régis Bittencourt. 

O projeto prevê uma via de quatro faixas, com canteiro central, atravessando áreas de mata preservada e impactando diretamente comunidades locais.

A empresa EcoRodovias Concessões e Serviços, vencedora do leilão para a concessão da Nova Raposo, é a responsável pela execução da obra. O contrato de concessão foi assinado no dia 14 de março de 2025, com publicação no Diário Oficial desta terça-feira (18). 

O traçado exato da nova rodovia ainda será definido, mas o projeto prevê uma opção que partiria do centro de Cotia, passando pela Avenida Dr. Odair Pacheco Pedroso, Avenida Ecologista João de Oliveira Ramos de Sá e Estrada Henrique Franchini, até chegar à Régis. 

Outro trajeto proposto, faria essa ligação mais próxima da estrada da Barragem, atingindo a Reserva Florestal do Morro Grande em Cotia e áreas de mata de Itapecerica da Serra.  
De acordo com o Manifesto Ambiental Embu-Itapecerica Contra Nova Raposo, produzido pela SEAE (Sociedade Ecológica Amigos de Embu) e pela ONG Preservar Ambiental, essa nova estrada pode resultar na derrubada de milhares de metros quadrados de vegetação nativa, afetar cursos d’água essenciais para os mananciais da região e interromper corredores ecológicos utilizados por diversas espécies da fauna local.

“Estudos técnicos já comprovaram a presença de pelo menos 19 espécies de mamíferos nessa região. A fragmentação do habitat e o aumento do tráfego de veículos podem levar à redução dessas populações e ao comprometimento da biodiversidade local”, afirmou Rodolfo Almeida, conselheiro da SEAE.

Além dos danos ambientais, moradores também questionam a falta de transparência e participação popular no processo. Apesar de o governo estadual já estar trabalhando na concessão há quase um ano, não houve audiências públicas em Embu das Artes, Cotia ou Itapecerica da Serra. “Não se trata apenas de uma rodovia, mas de uma mudança estrutural na dinâmica urbana e ambiental da região. A população local sequer foi consultada sobre um projeto que pode impactar sua qualidade de vida de forma irreversível”, afirmou Adriana Abelhão, representante da ONG Preservar Ambiental.

Outro ponto de preocupação dos ambientalistas é a falta de visibilidade que o tema tem recebido na mídia. “Estamos muito preocupados que a imprensa não tem repercutido os danos ambientais às cidades de Cotia, Embu e Itapecerica, ficando limitada a discutir a questão dos pedágios ou os impactos na parte mais urbana do trajeto, próximo a São Paulo. Isso deixa a população diretamente afetada desinformada sobre os riscos reais dessa obra”, afirmou Ricardo Moraes Simi, presidente da SEAE.

Organizações ambientais e movimentos locais, como o Nova Raposo Não (NRN), reforçam a necessidade de soluções sustentáveis para a mobilidade urbana que incluam alternativas de transporte de massa e respeito ao meio ambiente. A mobilização da sociedade civil cresce nas redes sociais e por meio de um abaixo-assinado disponível online.

Mais informações podem ser encontradas no perfil do movimento no Instagram (@novaraposonao) e da SEAE (@seaembu).

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