Ivan não descarta participação da empresa Conam na fraude de Taboão
Mais de quatro horas de depoimento, interrompido por uma hora, uma série de revelações e a expectativa de mais detalhes das investigações sobre a fraude no IPTU de Taboão marcam um dos depoimentos mais aguardados da audiência dos envolvidos no esquema fraudulento, Ivan Jerônimo da Silva, chefe dos investigadores, que acontece nesta quinta-feira, 25, no Fórum da cidade.
Questionado sobre a afirmação do delegado Raul Godoy que aponta a empresa Conam como investigada a partir deste momento, afinal, segundo ele, por ser passível a falhas, as informações (relatórios passados a polícia) não são confiáveis, Ivan estranha a afirmação e disse não acreditar que o delegado tenha dito isso.
“Não acredito que ele tenha dito isso. Posso afirmar que o relatório é confiável confrontado com outras provas (como documentos apreendidos). As informações (relatórios) passadas pela Conam serviram de norte para as investigações”, explicou.
Ainda segundo o investigador, “não é descartada a participação da empresa Conam na fraude”. Ele não confirmou em seu depoimento que a empresa é investigada no momento.
Ivan causou preocupação por parte da juíza e de alguns advogados, no momento do depoimento, em que ele afirma que “o prejuízo é muito alto e que o valor não é exato, pois até o momento há alterações na Dívida Ativa da prefeitura, portanto os valores são divergentes”, ressalta.
Uma nova prova contra Claudia Pereira Santos, mulher do vereador Carlos Andrade, foi levantada durante o depoimento. “O imóvel onde Márcio Carra reside está em nome dela (Cláudia) e foi encontrado baixas neste imóvel no nome dela”, contrapôs.
Questionado sobre uma possível pressão que esteja sofrendo por estar a frente das investigações, Ivan, elaborou todos os relatórios da Operação Cleptocracia onde detalha a participação dos envolvidos, documentos apreendidos, entre outras provas e acusações ele afirmou que vem sim sofrendo pressões.
“Todo tipo de pressão possível. Tentaram minha transferência da Seccional (instituição que trabalho). Se utilizaram de um vereador (Noventa) tentando provarem o contato que eu poderia ter com um dos integrantes do crime organizado (Baia), eu não o conheço. Fizeram pressão via assembléia e um dos acusados tentou me intimidar na audiência de ontem”, detalhou.
Em relação a Márcio Carra, preso em flagrante dando baixas no IPTU dentro da prefeitura, Ivan confirmou que a ocorrência foi apresentada pela Guarda Civil Municipal (GCM) e criticou a ação dizendo que não houve o recolhimento dos documentos que estavam em cima da mesa dele. “Não sei o que aconteceu, mas esses documentos não foram apresentados”, disse.
O investigador contou ainda um fato enquanto o acusado, Márcio Carra, estava preso no CDP de Itapecerica. “Pedimos o regime seguro dele (pelo perigo que ele corria), quando ele foi depor na seccional, ficamos sabendo do fato de uma tentativa de fuga. Sugerimos em sua volta ao CDP que ele fosse separado dos demais, o que não aconteceu e na sequencia ele foi orientado a tomar uma postura diferente da inicial e trocou de defensor”, comentou.
Reafirmando, desde o início, as acusações contra todos os envolvidos, Ivan de forma incisiva disse que Celso Vasconcellos, o Celsinho, é um dos aliciadores da quadrilha e que Luis Carlos Albuquerque Orlandinho, baixou a dívida do IPTU de sua residência.
Segundo o policial o vereador Natal possui vínculo com a empresa NewCorp. “A empresa constrói um empreendimento imobiliário na cidade e usou de sua influência para beneficiar a construtora”, disse.
O investigador, Ivan Jerônimo confirmou no início do depoimento o conteúdo do relatório elaborado pela polícia civil, além de detalhar a participação de cada um dos acusados no crime cometido na cidade.
Errata
A informação divulgada pelo Jornal na Net que informou que um dos acusados, Márcio Carra, tentou fugir no período em que ficou preso do CDP de Itapecerica da Serra foi um equívoco, uma vez que seu advogado, Robson Almeida de Souza, esclareceu que o seu cliente foi retirado da Cadeia Pública para prestar esclarecimentos na Delegacia Seccional de Taboão e a polícia ficou sabendo de uma tentativa de fuga dos outros presos.
"Pelo fato de Márcio sofrer possíveis represálias, a polícia decidiu colocá-lo no regime seguro", esclareceu.