Zoneamento na APA Embu verde pede atenção

Por Outro autor | 26/05/2011

A APA (Área de Proteção Ambiental) Embu Verde com sua grande biodiversidade, Mata Atlântica em diversos estágios de recuperação, habitat de animais - inclusive alguns ameaçados de extinção - e produtora de água, é tema de destaque nas discussões da revisão do Plano Diretor de Embu das Artes (SP)! As comunidades participam ativamente para definir como será o zoneamento dessa região privilegiada, localizada no lado oeste do município e considerada patrimônio ambiental da cidade.

No dia 19 de maio foi realizada uma Audiência Pública, contemplando os moradores da região de Capuava e Itatuba, que contou com a participação de cerca de 120 pessoas; e no dia 23, a Audiência Pública foi no Jardim Tomé, com a participação de mais de 90 pessoas; essas regiões pertencem à APA Embu Verde. A Prefeitura de Embu, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, apresentou as propostas do governo e acolheu as das comunidades, informando que uma nova Audiência será realizada no dia 9 de junho, onde serão validadas as propostas.

Representantes do Conselho Gestor da APA Embu Verde apresentaram as propostas das comunidades de Itatuba e Capuava que foram elaboradas nas Oficinas realizadas no Parque do Lago Francisco Rizzo, nos dias 30 de abril e 14 de maio, com os arquitetos e urbanistas do Instituto Polis, Kazuo Nakano e Paula Santoro. As propostas confirmam o desenvolvimento do turismo ecológico, rural e cultural, vocação da região por seus atrativos naturais (já apontada no Plano Diretor de 2003), que tem como foco a perspectiva da inclusão da produção local e do turismo de base comunitária, como fatores de sustentabilidade e valorização dos potenciais locais. Vale destacar que o desenvolvimento sustentável por intermédio de diversos Roteiros Turísticos, entre eles, o Roteiro de Ecoturismo e Rural e Roteiro de Bem-Estar fazem parte do programa de governo do prefeito Chico Brito, um projeto arrojado que está sendo desenvolvido pelo Secretário de Turismo, Valdir Barbosa, com a promessa de ser implantado até o final deste ano.

Wilson Nobre, vice-presidente do Conselho Gestor da APA Embu Verde comenta que empreendimentos como Almenat e Hotel Rancho Silvestre empregam mais de 200 pessoas cada um, promovendo qualidade de vida aos funcionários, enquanto que a Pedreira Embu, que no passado foi o grande gerador de emprego em Itatuba, hoje possui somente 180 funcionários com grande potencial de danos à saúde do trabalhador, condição inerente à atividade mineradora de brita. Assim, apesar de haver moradores que defendem a implantação de indústrias na região de Itatuba, a maioria aposta num modelo sustentável que garanta mais qualidade de vida para a população.

Durante a Audiência Pública, Leandro Dolenc, presidente da Sociedade Ecológica Amigos de Embu, protocolou um documento com propostas para o Plano Diretor. Uma delas sugere a criação de um Zoneamento Especial na APA Embu Verde e indica urgência na elaboração do Plano de Manejo para assegurar a sustentabilidade da região; preservar as espécies raras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção; proteger o patrimônio paisagístico, histórico e cultural; compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a proteção e a recuperação dos recursos naturais, etc.

Durante a Audiência Pública no Jardim Tomé, a jovem Luana Alves apresentou as propostas da comunidade, entre elas a implantação do saneamento básico, pois o esgoto corre a céu aberto, causando prejuízos à saúde dos moradores. Outra grande preocupação é a área da massa falida da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), localizada entre Embu e Cotia, que está sendo leiloada e possui inúmeras nascentes e matas bem preservadas. O anseio da comunidade é que esta área seja transformada em Parque Ecológico. Moradores também alertaram quanto à formação de bota-foras, que geram grande trânsito de caminhões à noite, causam barulho e trazem para a região materiais que podem infiltrar e contaminar ainda mais a água na região, já tão degradada. O Corredor Empresarial do Jardim Tomé é outro desafio, pois vem causando grandes impactos na região com a supressão da vegetação e enorme movimentação de terra. A comunidade pergunta: como ficará a malha viária com os novos galpões de logística?

Comunidade debate propostas apresentadas pela Prefeitura
Dois pontos apresentados na proposta da Prefeitura de Embu foram debatidos na Audiência Pública de Capuava e Itatuba. A criação de um Corredor Empresarial na Rua Maria José Ferraz Prado (Itatuba), que foi rejeitada. A comunidade indica, como alternativa, concentrar no centro de Itatuba o comércio e serviços, atendendo toda a região. Nesse sentido, também se enfatizou, para Capuava e Itatuba, a necessidade de investimentos públicos para melhorar o centro comercial, com a implantação de saneamento básico, principalmente tratamento de esgoto; creche e novas salas de aulas para as crianças, aumento da capacidade da Unidade Básica de Saúde e implantação de equipamentos sociais de esporte e lazer, que não existem.


O outro tópico apresentado pela Prefeitura trata de uma nova estrada que ligará a Pedreira Embu com a Regis Bittencourt, passando pela divisa Sul do município e pelo Bairro Santa Clara, chegando à Regis Bittencourt, próximo ao trevo de Itapecerica da Serra. A comunidade e o especialista do Instituto Polis, Kazuo Nakano, alertam que apesar da nova estrada desafogar o centro histórico, a Prefeitura terá que fazer um amplo estudo de uso e ocupação do solo naquela região e ficar atenta para evitar ocupações irregulares. Essa nova estrada também terá grande impacto para a fauna, pois dificultará o fluxo de espécies entre a Reserva Florestal do Morro Grande (Cotia) e a APA Embu Verde. Uma estrada nesse local deve considerar passagens de animais.

Embu: Capital da Ecologia
Embu, que é terra das Artes, ainda possui regiões bem preservadas, graças à riqueza de suas matas e mananciais. Na década de 1970 ganhou o título de Capital da Ecologia. Ao logo dos anos, com o crescimento desordenado, a cidade perdeu essa identidade. Mesmo diante de tantos e tão complexos desafios, muitos embuenses vêm lutando para preservar o que Embu ainda tem de belo, visando melhorar a qualidade de vida. Para alcançar a sustentabilidade é preciso buscar empreendimentos que valorizem a cidade, ao mesmo tempo em que ofereçam emprego e aumento de renda. Desenvolver o turismo sustentável é um dos caminhos! A escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014, assim como a Copa das Confederações em 2013, e as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016 são oportunidades excepcionais para o desenvolvimento do Turismo brasileiro. Para tanto, é preciso criar as condições necessárias para que tais eventos sejam capazes de consolidar o Brasil como um dos principais destinos turísticos mundiais, aponta o Plano Nacional de Turismo. Afinal, beleza, modernidade e crescimento econômico são interesses que podem conviver em harmonia!

Indaia Emília

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