A pandemia agravou ainda mais a desigualdade e violência contra mulher

Embora os homens representem entre 60% e 80% dos mortos pela Covid-19, as mulheres são afetadas de maneira mais severa pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Elas estão mais expostas ao risco de contaminação e às vulnerabilidades sociais decorrentes da pandemia, como desemprego, violência, falta de acesso aos serviços de saúde e aumento da pobreza. Neste dia Internacional das mulheres de 2021, no cenário marcado pela violência, os casos de feminicídio, a potencialização das desigualdades talvez a única coisa a ser celebrada seja a consciência de tudo isso.

Em Taboão da Serra, após três anos sem um caso de feminicídio, um ajudante de pedreiro matou a esposa a facadas. Ela deixou quatro filhos pequenos. O assassinato mostrou que não se pode relaxar as medidas de conscientização e proteção à mulher. Uma semana antes do Dia Internacional da Mulher, uma jovem de 17 anos foi estrangulada por um homem com o qual estava usando drogas, depois de se recusar a transar com ele. O homem foi preso e confessou, com a frieza característica dos assassinos.

No relatório "Mulheres no centro da luta contra a crise Covid-19", divulgado pela ONU Mulheres, entidade da Organização das Nações Unidas para igualdade de gênero e empoderamento fica claro que a pandemia afeta mais as mulheres.

Veja os principais pontos destacados:

70% dos trabalhadores de saúde em todo o mundo são mulheres, fato que as expõe a um maior risco de infecção pelo novo coronavírus;

com o isolamento, os índices de violência doméstica e feminicídio têm aumentado no mundo – como as mulheres estão confinadas com seus agressores e distantes do ciclo social, riscos para elas são cada vez mais elevados;
entre os idosos, há mais mulheres vivendo sozinhas e com baixos rendimentos;

A ONU Mulheres estima que, dentre a população feminina mundial, as trabalhadoras do setor de saúde, as domésticas e as trabalhadoras do setor informal serão as mais afetadas pelos efeitos da pandemia de coronavírus.

mulheres também são maioria em vários setores de empregos informais, como trabalhadores domésticos e cuidadores de idosos;

com a pandemia, mulheres têm de se dividir entre diversas atividades, como as seguintes: emprego fora de casa, trabalhos domésticos, assistência à infância (cuidado com filhos), educação escolar em casa (já que as escolas estão fechadas) e assistência a idosos da família

antes da Covid-19, mulheres desempenhavam três vezes mais trabalhos não remunerados do que os homens; com o isolamento, a estimativa é que este número triplique;

mulheres não estão na esfera de poder de decisão na pandemia: elas são apenas 25% dos parlamentares em todo o mundo e menos de 10% dos chefes de Estado ou de Governo;

e, no setor têxtil, um dos mais afetados da indústria em todo mundo e paralisado por causa do trabalho temporário de lojas, as mulheres são três quartos dos trabalhadores no mundo.

Em meio a todo esse cenário é preciso resistir para lutar outros dias, lutar outras lutas e defender a tão necessária igualdade de direitos entre homens e mulheres.

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