Taboanense Naruna Costa interpreta Angela Davis em especial da Globo nesta sexta, 20
20/11/2020
A atriz Naruna Costa mais uma vez vai estrear nas telas ao lado de um elenco de peso e sucesso. A taboanense, de 37 anos, participará do especial Falas Negras, da Rede Globo, que vai ao ar na noite desta sexta-feira, 20, Dia da Consciência Negra. Dirigido por Lázaro Ramos, a produção cinematográfica, que contará com atores negros e negras, trará uma série de depoimentos de personalidades históricas que lutaram no país e no mundo contra o racismo.
Naruna dará vida à Angela Davis, importante militante nos Estados Unidos que ganhou notoriedade mundial por sua luta a favor das mulheres e contra discriminação social e racial no seu pais. A atriz relata a “responsabilidade” que é interpretar Angela, mas se diz feliz pela confiança. “É uma mulher que eu admiro muito e que me representa demais, que representa mulheres negras de muita geração, então foi uma honra mesmo fazer este papel”, explicou.
O convite para participar do elenco foi feito pelo próprio Lázaro, e a possibilidade de trabalhar com o ator, que agora adentra também ao mundo da direção, a empolgou. Por trazer à tona a trajetória de personalidades que lutaram ativamente pela igualdade racial ao longo de muitos anos e que tiveram a trajetória silenciada, o projeto tem uma importância social, política e histórica.
“Eu espero que as pessoas consigam refletir bastante, quebrar os seus paradigmas, os seus preconceitos, se abrir para esta nova geração, para este novo momento do Brasil. Entender que nós vivemos em uma sociedade que é estruturalmente racista e a partir disso pensar o que cada um pode fazer dentro da sua esfera, das suas possibilidades de ação, para mudar a geografia das coisas”, disse.
Feito com riqueza de detalhes, o Falas Negras também é um marco na produção cinematográfica porque traz representatividade. A atriz explica que, além dos atores e atrizes, a equipe nos bastidores também foi composta por profissionais negros de diversas áreas, desde o figurino até a direção.
“Infelizmente, mesmo em 2020, é raro ver uma obra com tantas mãos negras. Por isso, este produção é importante, para dizer que há profissionais negros em quantidade suficiente para levantar inúmeras produções. Também há o lugar de afirmação positiva. Somos muito retratados em pautas negativas, quando se fala de genocidio, quando se fala de encarceramento, são sempre lugares estereotipados, mas neste projeto há a exaltação dessas personalidades negras no Brasil e no mundo”, conta.
Para ela, embora seja importante ter um dia para marcar a reflexão sobre o racismo, o Dia da Consciência Negra “precisa ser todos os dias porque um dia só não dá conta”. “É importante termos hoje para refletir sobre essa questão, porém, não sofremos racismo em um dia só e não existem pessoas racista um dia só no ano, então pensar e analisar sobre a questão racial é necessário e urgente todos os dias”, explicou.
Esta não é a primeira vez que Naruna participa de uma produção de notoriedade e põe o nome de Taboão da Serra em evidência. A atriz já contracenou ao lado de Seu Jorge, na série “Irmandade'', da Netflix, e no filme “Marighella”, com direção de Wagner Moura, que tem data prevista de estreia para o ano que vem.
“Eu acho importante deixar claro a minha origem. Eu sempre faço isso porque é um manifesto político dizer de onde eu vim, marcar meu território como periferia e denunciar sobre a falta de estruturas daqui. Quando eu me afirmo, eu levo a dificuldade que é fazer essa caminhada e eu sinto que presto serviço um pouco também nesta discussão, além de trazer algo que para mim tem bastante a ver com a cultura negra, que lembra as nossas ancestralidades. Claro, dizer-se taboanense também tem seu lado bonito porque isso dá autoestima para a população, periférica, para as meninas negras de Taboão”, encerrou.