Artesãos de Embu pedem reabertura da Feira de Artes e Artesanato
Um grupo de artesãos e artistas realizaram um protesto neste domingo, 23, pedindo pela volta da famosa Feira de Artes e Artesanato, uma das principais atrações turísticas da cidade que já está suspensa há quase 6 meses devido à pandemia do novo coronavírus. Sem a principal fonte de renda, aproximadamente 100 expositores se reuniram no centro da cidade com cartazes nas mãos, mas sem muitas certezas.
“Tem gente passando fome, tem gente em situação calamitosa, devendo aluguéis, com ordem de despejo, em uma situação precária”, disse indignado o artesão e poeta, Carlos Mas, ao relatar que a situação financeira de muitos artistas está difícil. Os manifestantes dizem entender o momento em que o país vive, mas se sentem injustiçados, pois muitos outros setores da cidade já puderam ser retomados.
Ainda de acordo com Carlos, para garantir uma volta segura, um protocolo sanitário foi elaborado, exigindo o distanciamento de mais de 1,5 metros entre as barracas, o uso das máscaras e disponibilização álcool em gel, mas ainda assim não houve a liberação das atividades. Ele também ressalta que diferentemente de outros comércios que já estão autorizados a reabrir, a feira acontece ao ar livre, o que diminui as chances de contaminação.
Desde o início de agosto, uma negociação foi iniciada com a prefeitura, mas os artistas relatam que o poder municipal interrompeu o diálogo. O decreto 1987/2020 publicado em junho autorizando a retomada da feira quando a cidade entrasse na fase amarela acabou sendo revogado em 4 de agosto, um dia após acontecer a primeira reunião entre os artesãos e representantes do Governo.
A prefeitura de Embu das Artes alega “a retomada da Feira de Artes e Artesanato depende do plano de ação do governo do Estado, o Plano São Paulo” e que “os bares e restaurantes estão seguindo outro enquadramento e protocolo sanitário”, mas para os artistas, o poder municipal tem tentado se esquivar da responsabilidade sobre a feira, com uma inação que vem se arrastando durante semanas.
A prefeitura também relatou “que cadastrou todos os expositores, e entrega a aqueles que solicitaram, cestas básicas mensais adquiridas por meio de doação junto aos empresários da cidade e que a Secretaria de Governo Municipal tem realizado reuniões semanais com os expositores e indicou uma comissão para acompanhar os representantes da municipalidade em uma reunião com o governo estadual com data a ser definida”.
No entanto, a explicação dada pela prefeitura é contestada pela classe artística. Segundo os expositores, nos quase seis meses em que a feira está paralisada, a cestas só foram distribuídas apenas duas vezes. A qualidade dos produtos também é questionada. Eles também confirmaram a criação da comissão, mas explicaram que nenhum prazo para marcar a reunião com o Governo estadual foi cumprido.
“Eles disseram que até segunda-feira, dia 17, iriam dar um retorno. Tínhamos duas reuniões com a Secretaria de Turismo, mas só que na segunda-feira eles não marcaram e começaram a fugir, alegando que um erro tinha sido cometido”, informou ainda Carlos. Confrome relatou, ns duas semanas durante a negociação, a prefeitura não tinha enviado o ofício solicitando a reunião com o Governo Estadual e que a agenda tinha sido fechada apenas por “palavra”, mas que era necessário mandar um documento por escrito. “Eles fugiram de dar hora, data e de fato não quiseram fazer mais. Eles cortaram o diálogo”, relatou.
Os expositores também reclamam da ocupação dos espaços da feira pelos comércios do centro da cidade. “A gente não está trabalhando, mas os espaços estão ocupados por outros [...] Supostamente você pode beber pinga, pode beber cachaça, comer hambúrguer e batata frita da mesma travessa, mas uma atividade que fica uma barraca a dois metros e meio a outra não pode por uma questão de saúde”, disse ainda. A classe paga taxa de ocupação de solo, que segundo a prefeitura, foi suspensa durante a pandemia.