Assassino de irmãs vai a júri popular nesta quinta-feira em Taboão da Serra

19/08/2020

O assassinato brutal de duas irmãs mortas a sangue frio com várias facadas pelo ex-cunhado delas marcou tragicamente o dia 2 de junho de 2017 em Taboão da Serra. Naquela tarde de sexta-feira o assassino Michael da Silva Sousa, 30 anos, matou com 20 facadas a professora Jaqueline da Silva Souza, 28 anos, e a irmã de criação dela, Valéria Aparecida Ribeiro de Jesus, 27, com 5 facadas. Jaqueline morreu na hora, já Valéria, que carregava no colo a filhinha de apenas 3 anos, ainda se arrastou pela escada da casa onde aconteceu o crime e conseguiu pedir socorro na rua, mas, infelizmente, também acabou morta.

O duplo assassinato foi um golpe imensurável na família das vítimas. Nesta quinta-feira, 20, o assassino vai ser julgado no tribunal do júri popular acusado de feminicídio.

Quando foi preso após matar as duas ex-cunhadas o assassino alegou que elas teriam sido culpadas pelo fim do seu casamento. A verdade é que o relacionamento acabou por conta das mentiras e traições do assassino, mas ele não aceitou.


A monstruosidade dele pôs fim as vidas e os sonhos das duas jovens mulheres. Jaqueline era professora de crianças especiais e tinha acabado de passar no concurso da prefeitura de Taboão. Ela ia assumir o cargo na mesma semana em que foi assinada. Valéria sonhava em ser enfermeira. Amava cuidar da filha pequena, era muito ligada à família e servia na igreja que frequentava.

Desde o assassinato das duas a família delas luta para sobreviver à saudade, ausência e ao trauma causado pelos crimes. A família mudou de casa. As crianças fazem acompanhamento psicológico e todos compartilham uma dor sem limites motivada pela monstruosidade do assassino.

Três anos depois dos assassinatos a família se prepara para encarar o assassino no tribunal. Nem todos vão poder entrar por causa da limitação de público imposta pela pandemia do Covid-19. Todos esperam ver o assassino ser condenado, um paliativo para a dor que ele infligiu a família.

A dor é ainda maior e mais presente na vida da ex do assassino. Ela relata que só foi se dar conta de que vivia um relacionamento abusivo depois de pesquisar muito e durantes as conversas com psicóloga. O relacionamento levou a alegria e leveza da família mergulhando a todos num pesadelo sem limites. Três anos após os crimes ela ainda lembra os sorrisos e conselhos das irmãs, as conversas e os sonhos que elas abandonaram quando foram assassinadas brutalmente. Seguir vivendo tem sido um desafio diário na vida dela.

Depois de toda a dor e sofrimento que enfrentou ela alerta que as mulheres devem ficar atentas aos relacionamentos abusivos.


"Percebi que muitas mulheres não tem ideia que estão num relacionamento abusivo. Todas fomos criados de uma forma em que ser submissa sempre é algo comum, a mulher deixar de ser ela mesma para poder agradar o companheiro. Percebi que não só no meu caso, mais no de muitas a manipulação psicológica é o que mantém esse relacionamento, o companheiro trai ou faz o que quer e depois diz para mulher que não irá acontecer novamente, isso quando não coloca a culpa nas atitudes dele na própria mulher", finaliza

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