Após voltar de Stanford, aluno de Itapecerica é novamente aprovado em intercâmbio fora do país e cria vaquinha para ir à Costa Rica

Matheus Lopes Hengles, apesar de pouca idade, tem um sonho grandioso e admirável: transformar o mundo por meio da educação. E para fazer isso, com apenas 16, tem apostado em sua capacitação e iniciado sua luta por ela. O morador Itapecerica da Serra acaba de retornar de Stanford, uma das faculdades mais renomadas dos Estados Unidos, de um curso de férias em que já foi aprovado e, logo depois que chegou em solo brasileiro, foi aceito para um segundo intercâmbio internacional, o Latin American Leadership Academy (LALA), na Costa Rica. Para conseguir embarcar, porém, o jovem, assim como na primeira viagem, se mobiliza na internet para conseguir arrecadar fundos para bancar os custos. (clique aqui e acesse o link da vaquinha online)

O LALA, como explica, “são bootcamps, cursos de liderança para jovens na América Latina em que ocorre uma imersão por uma semana”. Matheus foi contemplado com uma bolsa de 800 dólares, no entanto, para conseguir embarcar até dia 19 de dezembro, precisa pagar uma taxa de 700 dólares mais as passagens de ida. O benefício foi ganhado pelo adolescente por causa de sua situação financeira. O adolescente mora no bairro Potuverá, considerado zona rural de Itapecerica, com o pai, o mecânico Wagner Hengles, e a mãe, a dona de casa Sônia Lopes, e mais dois irmãos. Um deles, de um ano de idade, tem síndrome de down.

“O nosso país, assim como toda a América Latina, precisa de pessoas que possam impactar positivamente sua comunidade. Nós precisamos urgentemente de bons líderes”, ressaltou ele, explicando o porquê decidiu mais uma vez ir para um intercâmbio internacional. Depois que voltou de Stanford, muitos acontecimentos engajaram ainda mais a vontade de Matheus promover mudanças no mundo. “Eu voltei muito mais engajado numa mudança social, pois percebi mais ainda como o Brasil precisa de ajuda em problemas sociais”, completou.

No processo seletivo, Matheus teve que fazer uma redação, depois teve que mandar as notas dos seus três últimos anos e um vídeo falando dele. Depois, teve que participar de uma entrevista em inglês de 20 minutos, a qual ele afirma que ficou muito nervoso. Dias depois, o resultado afirmativo veio junto com o alívio. O adolescente já tinha tentado entrar no curso o ano passado, mas não conseguiu. Apesar da língua oficial da Costa Rica ser o castelhano, as aulas são ministradas em inglês e terão duração de uma semana.

Para entrar no programa, existem períodos certos para aplicar a candidatura e, conforme explica, os interessados no curso podem ser recomendados por alguém que já foi aprovado, o que eleva as chances do candidato ser aceito. Matheus, porém, não foi recomendado e acabou recebendo a notificação de aprovação antes mesmo dos que foram recomendados.

A expectativa de mais uma vez ter que fazer uma vaquinha para conseguir ir embarcar salta aos olhos de Matheus, no entanto, ele segue confiante de que irá conseguir “Olha, eu estou lutando por uma causa social, então a sociedade tem que reconhecer que isso pode a ajudar. É uma luta que travo e tenho certeza que vamos vencer juntos”, relata ele ao contar que espera ter “muito, muito e muito aprendizado” e “aprender a lidar mais com o ser humano, tendo sempre mais empatia”.

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