Diretor do HGP foge de reunião com Conselheiros de Saúde em Taboão
O diretor do Hospital Geral do Pirajussara Jorge Salomão fugiu de uma reunião com conselheiros municipais de saúde da região nesta quinta-feira (27), na Câmara Municipal de Taboão da Serra. Os conselheiros estão se tornando verdadeiras pedras no sapato da administração do HGP por estarem fiscalizando as ações. Acuado, o diretor saiu de fininho, a despeito dos pedidos para que ele participasse do encontro.
Enquanto isso, no plenário da Câmara os conselheiros criticavam duramente a regulação de leitos nos hospitais da região como o Hospital Geral de Pirajussara (HGP) e o Hospital Geral de Itapecerica da Serra (HGIS) e a ausência de vagas de UTI em ambos os locais, que segundo eles está condenando a morte vários moradores da região, especialmente nas cidades de Taboão, Embu, Itapecerica, São Lourenço e Embu-Guaçu.
Durante a reunião os participantes fizeram várias críticas e questionamentos sobre a ausência das diretorias do HGP e do HGI, assim como a da promotora de Justiça de Taboão da Serra, todos convidados por meio de ofício a participar da discussão.
“A diretoria do HGP e do HGI assim como a promotora de Justiça não cumprem as suas obrigações com a população”, disparou o conselheiro Narciso Favaro.

Durante o encontro os participantes também questionaram o fato dos pacientes das cidades serem encaminhados para outras regiões do Estado e o projeto de Lei Complementar (PLC) 45/2010, que reserva 25% dos leitos da rede dos SUS do Estado de São Paulo para atendimentos particulares e planos de saúde, medida considerada inaceitável pelos presentes. No segundo momento foi discutida a distribuição de remédios pela FURP (Fundação para o Remédio Popular) que é feita e incompleta e com atraso, segundo os conselheiros.
Para exemplificar as mortes ocorridas pela ausência de vagas de leitos no HGP Narciso Favaro relatou um caso em que foram feitas 41 contatos com a central de regulação de leitos e em todos houve recusa do paciente que veio a óbito pouco tempo depois.
“Porque essas vagas estão sendo negadas? Porque estamos fazendo rifas de vidas?”, questionou propondo aos presentes que em todos esses casos seja feito Boletim de Ocorrência para que seja iniciado um processo que denominou de judicialização da saúde. “Essas pessoas tem que responder na Justiça por essas mortes”, completou.
Já a advogada Julia Collet ressaltou que a judicialização da saúde deve cair sobre o Estado e não sobre os municípios, como está ocorrendo. Os presentes concordaram que as administrações municipais estão sendo forçadas a assumir gastos com a saúde que são de responsabilidade constitucional do Estado.
Para o secretário municipal da saúde de Taboão da Serra, José Alberto Tarifa, somente para Taboão e Embu seriam necessários quase 2 mil leitos, sendo que 60 deles seriam de vagas em UTI. No entanto, há apenas 285 leitos, dos quais somente 10 são UTI. “O Estado deveria aplicar 12% de seu orçamento em saúde, mas não o faz e os municípios estão tendo que arcar com a falta de recursos”, diz Tarifa.

A secretaria de saúde de Embu das Artes, Sandra Magali, a superintendente de Saúde de Itapecerica da Serra, Michele Sales e a vice-prefeita de Taboão, Márcia Regina, também participaram do encontro. No dia 23 de maio os conselheiros de saúde da região vão em caravana até a Assembleia Legislativa cobrar dos deputados estaduais o engajamento na luta pela melhoria da saúde pública na região.