Golpe do cartão inclui até bloqueio do celular; saiba como se prevenir

Por Outro autor | 12/08/2019

No mês passado, Marcelo (nome fictício) levou um susto quando recebeu um SMS do seu banco avisando que havia entrado no cheque especial. Um minuto depois, a linha do celular parou de funcionar. “Como estava a poucos metros de uma agência, resolvi checar. Para meu espanto, havia um saque de R$ 24 mil em dinheiro com meu cartão de débito!”.

Marcelo desconfia que golpistas podem ter interceptado um novo cartão de débito que havia pedido há uma semana ao banco, mas nunca chegou à sua casa. Ao ligar para a operadora para saber o motivo do problema com o seu celular, descobriu que alguém havia se passado por ele e pedido o bloqueio da linha. “Fui informado que eu mesmo havia ligado dizendo que o celular havia sido roubado”, afirma.

Joana (nome fictício) viveu uma situação parecida em junho. Após sua linha de celular parar de funcionar, entrou em contato com o cartão de crédito e se surpreendeu com uma compra que não havia feito de um passeio de helicóptero, no valor de R$ 18 mil. No mesmo dia da operação, alguém se passou por ela para pedir o cancelamento do seu plano de celular, alegando que estava mudando de país. “Me assustou o fato de terem cancelado com tanta facilidade. Na gravação fica muito claro que eles não pediram dado nenhum”, disse.

Joana também descobriu, uma semana depois, que o número do celular no cadastro do cartão havia sido trocado. “A intenção deles [com o bloqueio da linha] era que não recebesse o SMS sobre o voo. Só que, por acaso, eu já não estava recebendo”, relata.

Questionado sobre o bloqueio das linhas por terceiros, o SindiTelebrasil, que representa as prestadoras de telefonia móvel, reforça que as operadoras têm políticas e diretrizes internas voltadas à área de segurança da informação e antifraude, visando proteger seus clientes. “As operadoras ainda orientam os consumidores a nunca fornecer dados pessoais solicitados por estranhos e acionar as empresas, pelos canais de atendimento, se tiverem qualquer dúvida em relação à sua linha”, diz a entidade.

Os bancos restituíram o dinheiro que foi roubado em menos de uma semana, mas não forneceram nenhum detalhe dos golpes, nem onde ou como foram realizados. A Febraban, que representa os bancos, afirma que para combater problemas de fraude documental, as instituições mantêm equipes que atuam no combate a este tipo de crime e realizam treinamentos sobre o assunto.

A entidade reforça ainda que os bancos investem anualmente R$ 2 bilhões em sistemas de tecnologia da informação voltados para segurança, o que corresponde a 10% dos gastos do setor com TI. “É importante esclarecer que o comportamento do consumidor é crucial para amenizar riscos”, ressalta.

Questionada sobre o registro de casos semelhantes, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirma que as vítimas de golpes podem registrar o caso em qualquer delegacia do estado, mas não disponibilizou números de ocorrências. “Não serão fornecidos mais detalhes sobre a atuação policial para não atrapalhar investigações em andamento”, acrescenta.

Uma pesquisa do SPC Brasil estima que 8,9 milhões de brasileiros foram vítimas de fraude nos últimos 12 meses, sendo que a maior parte dessas ocorrências (41%) está ligada à clonagem de cartão de crédito. O segundo golpe mais comum é o recebimento de boletos falsos, com 13% das menções.

COMO SE PROTEGER

• Nunca forneça a senha a terceiros
• Nenhum funcionário está autorizado a pedir para o cliente falar ou digitar sua senha ao telefone
• Não forneça dados, nem tire fotos de seu cartão de crédito para comprovar a sua validade (jamais o exiba nas redes sociais!)
• Antes de guardar o cartão, sempre confira se é o seu
• Jamais acesse o app do banco ou internet banking em redes wifi desconhecidas ou públicas
• Comunique imediatamente ao banco a perda, roubo ou extravio de cartão, pedindo o cancelamento
• Nas compras pela internet, utilize sempre o cartão virtual
• Tenha o telefone do banco anotado em local separado para caso sua linha seja bloqueada
• Nunca aceite ou solicite ajuda de estranhos, principalmente em caixas eletrônicos. Sempre que possível, use caixas que estejam no interior da agência
• Jamais use celular de desconhecidos para acionar o banco, pois a senha fica registrada no aparelho
• Os bancos não enviam funcionários para retirar seu cartão vencido, bloqueado ou com suspeita de fraude, nem solicitam informações pessoais e senhas. Se isso ocorrer, comunique o banco
• Não solicite cartão pelo correio. Retire-o na sua agência

FUI VÍTIMA. E AGORA?

• Entre em contato com o banco para solicitar o pedido de contestação do débito
• Faça um boletim de ocorrência para comprovar a fraude. Anote todos os protocolos e guarde os documentos que podem ser usados como provas
• Se o banco se negar a devolver os valores, você pode registrar uma reclamação no Procon e/ou na plataformado Ministério da Justiça
• Caso nenhuma das medidas seja satisfatória, é possível mover uma ação judicial contra o banco no Juizado Especial Cível
• Registre sua reclamação no site do Banco Central

Por Metro Jornal

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