Time de futebol americano Itapecerica Greens é impedido de treinar no Estádio Municipal da cidade
11/07/2019
Relatos de atletas do time de futebol americano Itapecerica Greens revelam o descaso da prefeitura com relação ao esporte na cidade. A administração municipal tem impedido a equipe de treinar no Estádio Municipal Antônio Cândido de Assia depois que o espaço passou por uma reforma e foi reinaugurado, em maio de 2019, após 6 anos fechado. O time está disputando neste mês o Campeonato Paulista e a medida tem atrapalhado o desempenho na competição.
Os integrantes da equipe procuraram a reportagem e disseram que antes do estádio passar pela obra, os atletas treinavam lá todos os domingos, das 09h às 12h. O espaço, ainda segundo alegam, estava “abandonado”. "Nossos atletas que realizavam a manutenção do campo, cortando a grama, tirando sujeira, fazendo a pintura para os jogos, limpando os vestiários”, disse Ederson Bernardes, integrante do time.
Os atletas ainda disseram que o motivo de barrar o acesso do time ao centro de esportes é que a administração está dando prioridade aos campeonatos de futebol que logo começam. Na cidade, terá a Copa Meninos de Ouro e a competição das categorias sub 20 e sub 35. “A resposta de sempre é que a prioridade é o futebol, que eles têm várias categorias e que não teria espaço para nós”, disse Ewerton Bezerra, membro da diretoria.
“Fomos solicitar o uso do estádio e estávamos abertos a ouvir o horário que estava disponível”, disse ainda o jovem ao explicar que o time ainda tentou negociar outros dias e períodos para não atrapalhar as partidas de futebol a serem realizadas no centro esportivo. A princípio a prefeitura ofertou “usar o estádio na semana à noite e em um curto horário nas manhãs de domingo”. No entanto, logo voltou atrás.
O Estádio sediou por diversas vezes o Campeonato Paulista, mas este ano a equipe não vai conseguir receber nenhum adversário para competir em casa. Agora, no meio da competição, o time enfrenta dificuldades. “Já fomos lá várias vezes e não deram atenção para nós. Mesmo dizendo que estamos em época de treinos abertos, em que novos atletas entram para o time, não tivemos ajuda na questão de espaço para treinar”, completou.
O secretário de Esportes, Valdomiro Dias, comentou em uma publicação a qual a reportagem teve acesso que um campo seria construído no bairro Lagoa. O novo aparelho esportivo seria liberado para os atletas treinarem. Integrantes do time, no entanto, foram até o local, mas não havia “sinal de obras”. “O local está do mesmo jeito”, relata Ederson.
Na publicação, o secretário ainda diz que agendou duas datas para a realização do Campeonato. O ofício solicitando o uso do campo foi entregue em outubro do ano passado e a resposta positiva de liberação para os dois jogos do Paulista só saiu na tarde desta quinta-feira, dia 11, nove meses depois.
O time também tinha o auxílio da prefeitura com o transporte. Era oferecido um ônibus que levava os atletas até as competições. No entanto, há pelo menos um ano os ofícios solicitando o veículo não são atendidos. “Desde o meio do ano passado já começamos a alugar ônibus pros jogos”, disse Ewerton. A justificativa é que os coletivos estão sempre reservados, mesmo sendo pedidos com um mês de antecedência.
“O time foi fundado pensando em trazer mais lazer e entretenimento. Nossa cor foi pensada em nossa região e nosso escudo é um índio, lembrando um fato histórico da cidade. Carregamos o nome de Itapecerica pelo Estado de São Paulo há quase 5 anos. Nesse tempo, ajudamos e revelamos jovens”, disse Ederson.
Mais de 150 jogadores passaram pelo time e hoje muitos deles competem em clubes como Portuguesa e Palmeiras. Do Greens, um dos atletas já foi eleito o melhor jogador defensivo de 2018. “Estamos realizando um trabalho que vai muito além do esporte, envolvendo toda a parte social”, desabafou ainda o jogador.
“Nosso sentimento é de desanimo, pois estamos trazendo desde 2015 algo novo para o município. Estamos trabalhando para dar uma nova opção de lazer com valores importantes, que usamos não apenas em campo e sim no dia a dia. Usamos o estádio em seu pior momento. Passamos dias cortando grama, limpando vestiários, entre outras atividades, para receber times importantes do Estado para que eles conhecessem nosso município, para nossos familiares e munícipes prestigiar algo novo. Agora nos resta esse estresse todo, pois não foi cumprido o que nos foi prometido”, disse ainda Ewerton.
A reportagem procurou a Prefeitura e questionou por qual motivo os atletas não podem mais treinar e competir no estádio e o porquê de os ônibus não serem mais fornecidos. Também foi perguntado sobre o suposto campo que seria construído no bairro lagoa. Até a publicação desta matéria, no entanto, não houve resposta da prefeitura.