Governo promete conscientização contra bullying e cyber bullying em escolas de Taboão para evitar Top 10

05/12/2017

Há quase um mês pelo menos 70 alunas da rede pública estadual de ensino de Taboão da Serra vivem uma rotina escolar marcada por agressões psicológicas, moral, injúria, calúnia e difamação. As meninas foram retratadas em vídeos Top 10 com desrespeito e apelo sexual. A maioria está enfrentando diariamente xingamentos, preconceitos e acusações nas escolas e vizinhança. Em resposta ao ataque contra as estudantes, depois de ser questionada pelo Jornal na Net, Secretaria Estadual de Educação  informou por meio de nota  que todas as escolas da Diretoria de Ensino de Taboão da Serra vão “intensificar a conscientização contra bullying e cyber bullying”. 

Mas, a prática crescente desse tipo de vídeo, o fato da maioria dos estudantes considerá-lo brincadeira mostra que a ação da Secretaria Estadual de Educação não está sendo suficiente para acabar com o problema. Além disso, desde a divulgação do Top 10 o clima em algumas escolas é de “guerra” já que muitas mães e pais estão indo defender as filhas, e, tentando por conta própria descobrir a autoria dos vídeos difamatórios. Os pais das vítimas querem Justiça e ajuda psicológica para ajudar as filhas a superar o trauma da agressão moral diante de toda a escola e vizinhança. Isso sem contar a exposição na internet e rede sociais.

De acordo com a assessoria de imprensa da Educação, a direção de ensino reúne diversas frentes de atuação para prevenir o bullying e a violência, incluindo a participação dos pais e de toda a comunidade. “A diretoria das escolas orientou os familiares a fazerem boletim de ocorrência denunciando o vídeo”, afirma a nota.

Estudantes das escolas estaduais Laerte Almeida São Bernardo, Ugo Arduini, Reverendo Denoel Nicodemo Eller, Antônio Ruy Cardoso, Heitor Cavalcanti de Freitas, Inácio Maciel, Sílvia Aparecida entre outas, viraram motivo de chacota após a divulgação, quase simultânea, de vídeos Top 10, que mostram fotos das meninas com frases agressivas, de cunho sexual e erotizadas. Um funk cheio de palavrões e erótico é a trilha sonora do filme horrendo, que na prática, é uma agressão imensa, tanto pelo conteúdo difamatório e ofensivo quanto pelo dano emocional e social que causa às vítimas do Top 10.

“Mais rodada que catraca de ônibus, já deu pra viela inteira, deu pra metade da escola, cabula aula pra dar, se pedir com jeitinho ela dá, já comi”. Essas são apenas algumas das frases com as quais as estudantes vítimas do Top 10 foram identificadas.

As mães das vítimas querem que os autores dos vídeos sejam localizados, identificados e se retratem com a suas filhas pelo flagrante desrespeito cometido. Apenas uma das meninas conseguiu registrar Boletim de Ocorrência após a reportagem do Jornal na Net solicitar intervenção da Coordenadoria dos Direitos da Mulher, que também vai disponibilizar atendimento psicológico para a menina. As outras acabaram desistindo de buscar de ajuda depois de tantas negativas. A mãe da aluna que registrou o BO descreveu em detalhes a desanimadora conversa com uma escrivã, que chegou a dizer inclusive, que a Delegacia tinha coisas mais importantes para fazer.

"Fiquei esperando por horas. A escrivã me dizia que isso não vai dar em nada, que eles tem coisas mais importantes para fazer, que a escola tinha que resolver. Mas, a delegada foi gentil, fez o BO e nos orientou", contou a mãe.

No dia 29 de Novembro a equipe do Jornal na Net foi procurada pelas famílias de algumas dessas adolescentes, relatando todos os problemas enfrentados por elas após a divulgação dos Top 10. Todos querem que haja justiça para as meninas tratadas como objeto sexual por garotos que deveriam ser seus colegas e amigos.

A maioria das adolescentes alvo do crime, que para os autores é apenas uma “brincadeira” está enfrentando sérios problemas psicológicos, depressão. Algumas se recusam a comer, outras não querem voltar às escolas e nos casos mais graves há garotas que chegam a falar em tirar a própria vida. Por causa do sofrimento das filhas muitas mães e pais não sabem mais o que fazer e querem a apuração dos crimes contra as suas filhas e punição dos culpados.

Não é a primeira vez que os chamados Top 10 são feitos. A cada nova edição meninas muito jovens ainda são difamadas na escola e vizinhança, já que o vídeo ofensivo é disseminado via WhatsApp. Normalmente, os Top 10 são feitos por meninos em tom de brincadeira, mas as meninas que aparece neles sofrem de verdade e comumente chegam a dizer que desejam tirar a própria vida, o que demostra o quanto a “brincadeira” dos meninos faz mal a elas.

A verdade é que o Top 10 se tornou uma prática tão absurda, uma agressão tão comum, que precisa ser tratada de forma preventiva. Os autores de todos eles precisam ser identificados e levados a compreender que todo tipo de agressão seja a adolescentes , meninas ou mulheres não deve ser praticada e inclusive precisa ser combatida.

 

 

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