Audiência Pública de Transporte revela impasse entre administração e Pirajuçara/Fervima

08/11/2017

A audiência pública da Comissão de Transportes na Câmara de Taboão da Serra ocorrida na segunda-feira (6) evidenciou um impasse entre até então mantido nos bastidores entre a empresa viação Pirajuçara/ Fervima e a administração. De um lado, a empresa comprou e quer por na rua 20 novos ônibus zero quilômetros. Do outro, a secretaria de Transportes não quer autorizar a circulação dos novos veículos sob o argumento de que a circulação deles pode ensejar em aumento de tarifa. Por causa do impasse a audiência foi tensa.

Numa fala firme, o secretário Gerson Pereira Brito, demostrou sensibilidade com a crise financeira do país. Se posicionou contra a possibilidade de aumento da passagem e sugeriu que a empresa pode deixar a cidade, “que tem outras 500 querendo entrar”. O secretário avisou que vai manter fiscalização constante do serviço de transporte municipal, como determina o contrato firmado entre a cidade e a empresa. A segurança dos motoristas e usuários é a maior preocupação do secretário, que desde o começo de sua gestão aplicou multas de quase R$ 1 milhão.

“O poder público é quem deve manter o controle do sistema, não o contrário. Não é a empresa que diz quando tem que comprar ônibus. O povo quer ônibus novo sim, mas não quer pagar mais caro. Quem tem que dizer quando tem comprar e que ônibus tem que comprar é o poder público. Não aceitamos essa conversa”, disse.

Ele chegou a dar um exemplo de pessoas que não tem dinheiro para pagar o valor total da passagem e acabam não sendo levadas ao seu destino porque os motoristas não tem autorização para transportar passageiros que não podem pagar a passagem na íntegra.

O secretário chegou pouco depois da audiência começar. Sua ausência tinha sido criticada, mas ele explicou que o atraso foi decorrente da falta de informação precisa sobre o horário. Logo depois relatou que está em busca de documentos para conhecer os custos da empresa e bater os números da planilha que incide no valor da passagem.

“Quando nós sentamos o empresário sempre fala: eu tô falindo e preciso de aumento. Então tá falindo e compra ônibus novos? Quero documentos dos últimos 5 anos para saber o custo real da empresa e analisar a tarifa. Eu quero documento. Não vem com conversa de auditor, eu quero ver. É minha obrigação fiscalizar”, disse.

Os advogados da empresa rebateram algumas falas do secretário, disseram que a empresa também prima pela legalidade. Disseram que a intenção dos novos ônibus não é aumentar a passagem, mas não deram garantias de que isso ocorrerá ou não. Os defensores da empresa alegaram que não houve retenção de documentos.

Durante a maior parte da audiência, a relação litigiosa entre a empresa responsável pelo transporte municipal e a administração ficou evidente e os vereadores membros da Comissão propuseram diálogo entre as partes.


O presidente da comissão, vereador Marcos Paulo (PPS), admitiu o impasse e pediu diálogo. O vice-presidente da Comissão Johnatan Noventa e o vereador Carlinhos do Leme seguiram a mesma linha.

“Ficou evidente que há um impasse jurídico e administrativo. Todos querem os ônibus rodando, mas há o receio de que isso impacte diretamente na planilha de passagem. Por outro lado é um direito contratual da empresa pedir o aumento. Mas essa decisão cabe a prefeitura e não a comissão. Fizemos a nossa parte para tentar entender, esse impasse, mas não viemos discutir aumento ou redução de passagem”, disse Marcos Paulo.

 

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