Alckmin fecha acordo com BNDES para fábrica de vacina contra a dengue

Por Outro autor | 3/01/2017

Com 3 mil m² de área construída, unidade foi planejada para operar, também, a produção de vacinas contra a raiva e zika vírus

O governador Geraldo Alckmin assinou, nesta terça-feira, 3, contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para liberação de R$ 97,2 milhões para a Fundação Butantan. Os recursos serão usados na conclusão das obras da fábrica da primeira vacina brasileira contra a dengue.

“São R$ 97 milhões. Não é empréstimo, é recurso não reembolsável para o BNDES que vai dar um impulso à pesquisa sobre a vacina da dengue. O Butantan é orgulho para São Paulo e para o Brasil, um grande centro de pesquisa e, hoje, dando uma contribuição mundial. Nós podemos ter a primeira vacina do mundo tetravalente, contra os quatro tipos de vírus com apenas uma dose. Grande salto em termos de ciência e saúde”, disse o governador.

Além do investimento nas obras, os recursos incluem a instalação e montagem de equipamentos, mobiliário, insumos e serviços de qualificação para a instalação dos equipamentos. A operação ainda contribui para a formação de equipes qualificadas para a condução de estudos clínicos para o desenvolvimento da vacina.

O aporte do banco corresponde a 31% do investimento total do projeto, orçado em R$ 305,5 milhões. O contrato ocorreu por meio do programa BNDES_Funtec, que prevê a liberação a fundo perdido a iniciativas de pesquisa aplicada, desenvolvimento tecnológico e inovação executados por Instituições Tecnológicas (IT), selecionados de acordo com os focos de atuação divulgados anualmente pelo BNDES.

A nova fábrica, com 3 mil m² de área construída, foi planejada para a produção de até 100 milhões de doses de produto concentrado (bulk) e até 30 milhões de doses de vacina liofilizada contra a dengue por ano. A planta também foi planejada para operar a produção de vacinas contra a raiva e zika vírus, entre outras.

“Esta parceria será muito importante, não apenas para a construção da fábrica do Instituto Butantan, mas servirá como um modelo para o desenvolvimento de ciência e pesquisas na área”, destacou o presidente da Fundação Butantan, André Franco Montoro Filho.

Vacina contra dengue

A primeira vacina brasileira contra dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), é produzida com vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos.

A pesquisa clínica está na última fase de testes antes de a vacina ser submetida à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que possa ser produzida em larga escala e disponibilizada para campanhas de imunização em massa na rede pública de saúde em todo o Brasil.

Nesta etapa, os estudos envolvem 17 mil voluntários em 13 cidades nas cinco regiões do Brasil. São convidadas a participar do estudo pessoas saudáveis, que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que se enquadrem em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. Os participantes do estudo são acompanhados pela equipe médica por um período de cinco anos para verificar a duração da proteção oferecida pela vacina.

Nesta última etapa da pesquisa, os estudos visam comprovar a eficácia da vacina. Do total de voluntários, 2/3 receberão a vacina e 1/3 receberá placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe médica nem o participante saberão quais voluntários receberam a vacina e quais receberam o placebo. O objetivo é descobrir, mais à frente, a partir de exames coletados dos voluntários, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo contraiu a doença.

Os dados disponíveis até agora, das duas primeiras fases, indicam que a vacina é segura, que induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e que é potencialmente eficaz.

“Os testes clínicos estão em desenvolvimento em 14 centros de pesquisas nas cinco regiões do país e este recurso do BNDES fortalece a pesquisa e garante o desenvolvimento do imunobiológico. O grande diferencial da nossa vacina é que ela protege contra os quatro sorotipos da dengue com uma única dose”, explica o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.

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