Aprígio ataca CEI, diz que não vai depor e afirma que Cooperativa é alvo de perseguição

O presidente da Cooperativa Habitacional Vida Nova, José Aprígio da Silva, partiu para o ataque contra a Comissão Especial de Investigação (CEI) criada pela Câmara de Taboão para apurar supostas irregularidades no desdobro de áreas da Cooperativa. Ele concedeu entrevista coletiva uma hora antes o início da reunião da CEI nesta quarta-feira, 8, onde anunciou que não iria depor e disse que a comissão foi criada de forma ilegal e está cercada por “erros” e “mentiras” que serão remetidos ao Judiciário. Aprígio disse que a Cooperativa sofre perseguição política do prefeito Fernando Fernandes e dos vereadores e apresentou documentos que confirmariam sua tese. 

Aprígio afirmou que os membros da CEI não tem capacidade para julgar a entidade. Disse que dos 5 integrantes da comissão 3 são seus inimigos políticos e até pessoais. Além disso, revelou ter sofrido várias tentativas de extorsão e ameaças de “bandidos” que estariam agora sendo repetidas por políticos. No final da coletiva Aprígio provocou os jornalistas a questionaram o presidente da CEI, Eduardo Lopes, o que ele ia fazer na sede da Cooperativa “nas diversas vezes” em que teria ido até lá falar com ele. 

“Há 8 anos atrás e toda época de política recebia cartas, telefonemas e ameaças falando da avenida Vida Nova. Agora, época de eleição de novo as mesmas coisas menos os telefonemas e as cartas, eu ouvi dois vereadores da CEI falando as mesmas coisas que eu ouvia os bandidos me falarem há 8 anos. Também já ouvi as mesmas palavras do prefeito. Fico me perguntando se estou errado em pensar que esses vereadores conhecem os bandidos que há 8 anos ficavam falando aquelas ameaças para mim? Será que estou errado em pensar isso porque estou ouvindo as mesmas conversas da boca dos três. O prefeito me acusa de um crime que lá atrás ele autorizou. Em 2004 tivemos o desdobro da primeira área. Em 2006 fizemos a mesma coisa e o prefeito vem questionar. Se ele diz que o de 2006 está errado porque ele autorizou o mesmo em 2004?”, questionou.
Depois de afirmar que o desdobramento da área para a construção da rua José Aprígio Bezerra, aprovado em um governo anterior do prefeito Fernando Fernandes segue o mesmo padrão do que foi feito com a Avenida Vida Nova, aprovado na Gestão de Evilásio Farias, o presidente Aprígio alegou não ter motivos para a  Cooperativa estar sendo investigada, a não ser por motivação política já que ele vai disputar a prefeitura de Taboão da Serra. Nesse ponto ele revelou que “ganhando ou perdendo vai ser candidato”, contrariando boatos que corriam pela cidade dando conta de sua desistência do pleito eleitoral.

“O prefeito diz que não quer prejudicar a Cooperativa. Agora se ele pede penhora dos bens está favorecendo os associados?”, pontuou antes de acrescentar que todos os projetos da entidade foram aprovados pelo Grapuhab, Cetesb e outros órgãos estaduais. 

Aprígio e a também diretora, drª Marilene Trappel, foram fartos nas críticas ao prefeito Fernando Fernandes e os vereadores da CEI. Os dois falaram em perseguição política. Reclamaram do fato da CEI ignorar a existência do outro sócio do terreno que foi desdobrado, o empresário Joel Garcia. Também disseram que a situação da avenida Vida Nova é idêntica a da rua onde ficam as entradas de veículos do Shopping Taboão, que também era particular. 

“Não entendemos nada desse imbróglio que a câmara propicia. Tínhamos acertado o depoimento para o dia 8 e ai recebemos ofício da Casa falando que era no dia 1º de junho. A prefeitura mente e persegue politicamente quando diz que a Cooperativa não deixou área verde. Ela mente e vamos provar isso na litigância de má fé. A prefeitura tem todos os projetos e sabe que as áreas verdes foram deixadas. Isso é pura perseguição política. Vocês não vêem associados reclamando da prefeitura. Só vêem os órgãos públicos comandados pelo prefeito Fernando Fernandes contra nós. Ele não trabalha e não nos deixa trabalhar. Tudo isso para barrar o crescimento do Aprígio, nem que pra isso ele tenha que matar a melhor Cooperativa Habitacional do País”, disparou Marilene Trappel. 

Ela citou que os cooperados aprovaram em assembleia a doação da avenida Vida Nova à prefeitura, mas declarou que na cidade as doações não prosperam pela dificuldade de se conduzir a legalização. Em razão disso, teria sido  feita a desapropriação com valor simbólico.

“Os projetos foram aprovados no governo anterior do prefeito Fernando Fernandes. Ele faltou com a verdade. Aprovou os projetos do grupo 1, 2, 3, 4, 5, 6, e 7. A avenida Aprígio Bezerra foi aberta e aprovada na gestão dele. A Vida Nova foi aprovada no governo Evilásio. Foi a mesma situação. Uma gleba desdobrada em 4 áreas e criou-se uma rua. O erro é o Aprígio ser pré-candidato”, disse a diretora.

Comentando o valor da cobrança de R$ 250 milhões da ação cobrada na Justiça pela prefeitura Marilene Trappel disse que o montante representa o tamanho da perseguição da entidade sofre. 

O departamento jurídico da Cooperativa atesta que a Comissão Especial de Inquérito foi “criada” e instalada, de forma contrária à lei. Alega que não há competência municipal para tratar do assunto uma vez que ao Grapuhab, órgão vinculado ao governo estadual, é quem tem competência, para tratar do tema. Acusa ter havido adulteração de documentos da Câmara Municipal de Taboão da Serra, dando conta da aprovação do requerimento de abertura de CEI e supostas manipulações de documentos constantes nas atas das sessões legislativas, da qual não condizem com as gravações áudio visuais; 

O jurídico também questiona descumprimento da Lei Orgânica Municipal e do Regimento Interno no ato inaugural como a apresentação de projeto de resolução ou decreto legislativo. Além disso questiona a nomeação do presidente da Comissão Especial de Inquérito, bem como a suspeição de 3 (três) dos 5 (cinco) vereadores membros CEI. Esses e outros questionamentos devem ser feitos por eles por meio do Judiciário.

CEI teve acusação de extorsão e ameaça de cassação

Sem a presença de Aprígio e da ex- secretaria de Habitação Ângela Amaral a reunião da CEI desta quarta-feira, 8 não prosperou. Os advogados de Aprígio foram até lá justificar a ausência dele, mas nem de longe apresentaram os mesmos argumentos apresentados pela diretoria da Cooperativa durante a coletiva de imprensa. Nova oitiva de Aprígio e Amaral foi agendados para o dia 13 de junho.  

O embate entre o presidente da CEI, Eduardo Lopes, e o vereador Luiz Lune marcaram os poucos minutos de trabalho da CEI. Lune acusou Lopes de não ter moral para presidir a CEI já que teria tentando extorquir Aprígio. Lopes respondeu a acusação afirmando que vai entrar com processo de cassação do mandato de Lune na próxima sessão legislativa no dia 14. 

Eduardo Lopes preferiu não comentar as declarações de Aprígio à imprensa e nem a acusação de Lune. Sua assessoria alegou que o vereador dará resposta das acusações de tribuna na próxima sessão legislativa.  

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