Intensa, a sessão de Taboão mantém veto do prefeito e nomeia membros da CPI do Shopping

Sob clima de intensas discussões, a sessão ordinária da Câmara Municipal de Taboão da Serra trouxe à baila dois assuntos. O primeiro foi a instalação da CPI que requer explicações do Shopping Taboão e almeja elucidar possíveis irregularidades que impediram a construção da alça de saída shopping no sentido de Embu das Artes. Outro tema debatido foi o veto do prefeito Fernando Fernandes ao projeto da vereadora Luzia Aprígio, que instituía a feira noturna. A terça-feira (03), chuvosa e de tempo fechado, foi igual dentro da Casa de Leis, onde os discursos e as já famosas indiretas se multiplicaram. Uma declaração do líder de governo Eduardo Nóbrega na última sessão foi citada e criticada pelos vereadores. O conteúdo subjetivo da fala dele sobre o fato dos vereadores tomarem água com o prefeito foi mal interpretado pelos pares – relembre aqui

A primeira parte da sessão foi pautada pela definição dos membros que integrarão a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que vai apurar os motivos para a não construção da alça de saída para Embu. Érica Franquini foi escolhida presidente da Comissão e os vereadores Marcos Paulo, Luiz Lune, Waines Moreira e Eduardo Nóbrega os quatro membros, respectivamente. A primeira reunião da da CPI está marcada para essa quarta-feira às 15 horas.

O Shopping Taboão foi inaugurado em 10 de julho de 2002. Desde então passou por várias ampliações e reformas deixando de construir a alça de saída para a BR 116 em Taboão da Serra. Durante a gestão do ex-prefeito Evilásio Farias o estabelecimento firmou um termo com a prefeitura se comprometendo a realizar a construção. Há dois anos a administração do estabelecimento assumiu com a Câmara o mesmo compromisso e fixou o prazo para entregar a alça em outubro de 2015. Agora os vereadores correm contra o tempo para não sofrer prejuízos políticos eleitorais por conta da promessa não ter sido cumprida.

Após a definição dos membros da CPI os discursos de certa forma se dividiram entre os pares da Casa. Alguns comentaram sobre os benefícios que o Shopping agregou para a cidade, como empregabilidade e renda ao município. Outros rebateram a fala e disseram que o Shopping não cumpriu com sua obrigação de construção da alça de acesso. O fato é que todos tentavam enfatizar que o objetivo da discussão era a CPI, que tem como mote averiguar possíveis irregularidades. Érica Franquini afirmou que é motivo de muita alegria ser presidente da comissão.

“Uma CPI que muitos acharam que não iria sair, que muitos deram risada, que muitos acharam que nós não teríamos coragem de abrir essa CPI, contra essa empresa que tem lesado nossa cidade há dez anos. No projeto inicial constava a alça de retorno e esse Shopping até hoje não construiu. Meu compromisso é com a população e não com o shopping”, declarou a vereadora do PSDB.

Fazendo referências às táticas de futebol, onde ‘time que está ganhando não se mexe’, Eduardo Nóbrega afirmou que não irá permitir a mudança de foco no assunto CPI. “O foco é muito claro, não se esta buscando um culpado A, ou um culpado B, não vamos permitir de maneira nenhuma que se altere o objetivo que é a construção da alça do Shopping, para uma possível desconstrução de um projeto tão importante que impulsionou a cidade de Taboão da Serra”. 

Marco Porta na sequência reiterou o posicionamento de Nóbrega e mencionou que um algum momento terá que se chegar a um responsável. Porta explicou que prefere olhar para o shopping como algo positivo para a cidade, não permitindo que a investigação tenha um viés político.

O presidente da Casa José Aparecido Alves, deliberou sobre o tema e afirmou que o governo Fernando Fernandes busca através da comissão mostrar transparência e segurança. “Entendendo que essa alça é direito da cidade. Sem dúvida nenhuma o Shopping Taboão trouxe desenvolvimento para a nossa região, proporcionou renda, proporcionou emprego, mas o Shopping Taboão deve uma alça de retorno para essa Casa”, ressaltou Cido. 

Depois dos discursos de Nóbrega, Cido e Porta, Érica Franquini observou que a envergadura dos posicionamentos estava estranha. “Eu não estou entendendo o discurso dos companheiros. Eu volto a dizer que ninguém esta falando de progresso aqui, todo mundo sabe e eu falei no meu discurso que o Shopping é importante para a cidade, todos frequentam o Shopping só que o Shopping precisa realmente cumprir. Essa CPI é para cumprir com o que ele prometeu, a alça do Shopping. Será que eles estão esperando prazos? Será que ANTT tem alguma coisa lá?”, questionou Érica, afirmando que não vai prevaricar de suas funções. 

O vereador do Pros Marcos Paulo concordou com Érica, informando que também não estava entendendo as discussões. “Nós queremos a alça do Shopping. Eu só espero que nessa comissão não tenha nenhum cavalheiro representando o Shopping Taboão. Porque se tiver, eu virei a público e vou falar. Falarei se tem ou não, alguém representando o Shopping, eu espero que não tenha. Se o Shopping realmente não quiser fazer a alça, ai serão outros desdobros, mas que eles possam depositar em juízo o valor da alça, que a gente possa construir escola, creche, postos de saúde”, declarou Paulinho. 

Líder de governo na Casa, Eduardo Nóbrega imediatamente rebateu o vereador do Pros e questionou: “A fala do vereador Marcos Paulo é um absurdo! Ele inicia uma comissão de CPI, perguntando se algum dos membros defende o shopping? Ora, se vossa excelência tem informação, fala! O senhor coloca logo no primeiro dia da abertura da comissão uma suspeita sob a comissão? Que absurdo é esse?”, com braços abertos perguntou aos parlamentares.
Cido informou que não tem nenhum compromisso com o shopping e que o tempo dirá tudo, sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito. O presidente da casa não titubeou em dizer sobre a tal ‘água’, falada por Nóbrega no fim da última sessão. O líder do DEM destacou que jamais teria intuito de barganha. Outros vereadores que se sentiram ofendidos, também saíram em suas defesas, elucidando que não ‘bebem desta água’.

O veto da feira noturna 

Sim, o assunto ainda rendeu. O projeto de Luzia Aprígio que previa a instituição da feira noturna em Taboão da Serra não aconteceu. Os vereadores discursaram em apoio, mas não voltaram atrás na decisão de derrubar o veto. A base se uniu e não foi contra a decisão do Prefeito, por 10x03 o pedido de veto foi mantido. Como já era de se esperar, apenas Luzia, Lune e Moreira votaram pela permanência da feira noturna. 

Vereador pelo PCdoB, Luiz Lune destacou a importância da iniciativa para as famílias e afirmou que a feira não criaria prejuízos para ninguém. Lune solicitou aos parlamentares: “Porque nós não conversamos para que ligasse lá para o prefeito e tentasse o entendimento, para que nós derrubássemos o veto, até por uma questão simbólica. Para dizer que a Casa realmente preocupada com uma conquista da população, nós entendemos que seria não demostrar força contra o prefeito, mas mostrar que nós estamos do lado dela”. 

Érica se justificou para Luzia, mencionando que votou a favor do projeto, mas não teria como ir contra o veto do prefeito que pertence ao seu partido. Onishi defendeu a feira e lembrou que foi através de seu trabalho como feirante, que conseguiu estudar, ele reafirmou que a base é unida e forte.

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