Manifestação contra a reorganização: Alunos tomam a BR 116 e Mercês diz que não haverá fechamentos

A concentração se iniciou na Praça Nicola Viviléchio às 10h00 da manhã, da última chuvosa quinta-feira e reuniu segundo a Polícia Militar, entre 500 e 600 pessoas. Sim, a manifestação das escolas estaduais de Taboão da Serra e Embu contra a reorganização do ensino tomou de novo a BR 116 e dessa vez, com maior público. Os estudantes não se intimidaram com o tempo fechado e foram às ruas para, indignados, lutarem contra as imposições do governo. 

Seguindo para a Diretoria de Ensino, os manifestantes caminharam pela Rodovia Régis Bittencourt e tomaram a rua paralela ao Hipermercado Extra com muito batuque e cantoria. Eles conseguiram chamar atenção da comunidade. A PM acompanhou os estudantes e fez isolamento das áreas para garantir a segurança. Em torno de 20 escolas participaram da manifestação, Catharina Comino, Alípio de Oliveira, Lúcia de Castro, João Martins, Odete Maria de Freitas e Nigro Gava foram algumas delas. 

Dois carros de som apararam a molecada, que em coro cantavam contra o fechamento de suas escolas e também em repúdio ao governador Geraldo Alckmin. Alunas da escola Catharina Comino, disseram que vão lutar até o fim para que a medida não seja implantada: “Se tiver que fazer manifestação todos os dias, nós vamos participar também! Temos que lutar por nossos direitos”, enfatizaram as garotas. 

Uma das mais evidentes reclamações dos alunos foi em relação à distância que eles terão de enfrentar nos novos trajetos. Segurança e adaptação no ambiente também foram apontadas como dificuldades iminentes.  

Membro da APEOESP e organizador da manifestação, Wiliam Felipe voltou a falar que o problema não é o fechamento das escolas, mas sim, o fechamento de salas de aula que resultará em superlotação. “O nosso objetivo é que o governo retire essa proposta, respeite a comunidade, os pais e os alunos”, declarou. 

Wiliam informou que a Diretoria de Ensino só atende a comunidade porque é pressionada para isso: “O que fica demonstrado aqui, é que os diretores não tem nenhuma autonomia para decidir nada. Eles são representantes do governo... Então na verdade, essa diretora aqui é um traço da Secretaria de Estado. O que deveria ser ao contrário, agente deveria ter uma democratização da diretoria de ensino”. 

O professor disse que o próximo passo é discutir com a comunidade, em especial com os pais para avaliar melhores resultados. No Embu, Wiliam disse que estão havendo ameaças em função da adesão às manifestações por parte de alunos e professores, o organizador enfatizou que é o ato é inadmissível. 

Os estudantes maciçamente questionaram sobre as diferenças de ensino, que variam de uma escola para outra, o que dificultaria a adaptação e o aprendizado. Mercês rebateu e mencionou que o plano de ensino é mesmo para todas as escolas. “O conteúdo dado na ‘escola A’ é o mesmo dado na ‘escola B’”, ressaltou, aproveitando para dizer que é falácia e folclore as pessoas acharem que os currículos mudam de escola para escola. 

A dirigente informou que as escolas Alípio, Antônio Inácio e Márcia Ries realizaram um abaixo assinado contra a reorganização e declarou que é totalmente a favor da proposta de dividir os ensinos fundamental e médio. Ela defendeu seu ponto de vista principalmente, porque acredita que os professores poderão dar aulas em uma mesma escola e se especializar em somente um segmento, contribuindo com o aperfeiçoamento no trabalho de determinada faixa etária. 

A resposta de Mercês

Durante reunião com a dirigente de ensino Maria das Mercês, o clima esquentou e as discussões entre os pais, alunos, professores e a dirigente foi tenso. Sem titubear, os estudantes e os organizadores nem se quer deixaram Mercês fazer a apresentação da proposta do governo. Eles queriam explicações objetivas sobre a reorganização do ensino. 

Ao total, trinta pessoas tiveram o acesso à sala de reunião, o que causou confusão e intervenção da Polícia Militar. Maria das Mercês explicou que não há propostas para serem apresentadas e que não era o devido momento. “O governador ainda não aceitou a proposta, ainda está discutindo”, desabafou a dirigente que nitidamente aparentava desgaste. O organizador Wiliam exigia em contrapartida, que no mínimo oitenta pessoas entrassem para a reunião e Maria de forma tênue, falou que não havia espaço físico para suportar todos. 

A palavra autoritarismo repercutiu. De um lado os estudantes afirmavam que o governo e por consequência Mercês, são autoritários na maneira que conduzem a situação. Do outro, a dirigente retrucou dizendo que as imposições vêm da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. O governador Alckmin também foi fortemente criticado. 

De acordo com Maria das Mercês: "O que eu tenho a declarar é o seguinte, nenhuma escola será disponibilizada nos municípios de Taboão da Serra e Embu das Artes! Eu acho que é uma questão de cidadania, eu sou sensível a isso. Eu acho que esta certíssima a comunidade se manifestar, a única coisa, é que eles estão manifestando no lugar errado. Eu não tenho o poder de decidir sobre a reorganização, nós fizemos um estudo à luz das diretrizes da Secretaria". 

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