Fechamento de escolas e debate sobre temas genéricos marcaram sessão de Taboão

Reformas na educação, fechamento de escolas, gravidez na adolescência, uso de drogas, a quase esquecida documentação da Cooperativa Vida Nova, discussões acaloradas e homenagens ao dia das crianças, regeram a sessão da Câmara Municipal de Taboão da Serra, na última terça-feira (13). Inicialmente os trabalhos foram abertos de forma silenciosa e calma, o que não durou por muito tempo, embora o clima ainda fosse de reflexão sobre as questões levantadas por Narciso Favaro. 

Inscrito na tribuna popular, o Professor Narciso levantou a gravidez na adolescência, o uso de drogas por jovens, doenças sexualmente transmissíveis (dando ênfase ao aumento significativo de contração por adolescentes). O professor fez uma ressalva ao fato de que crianças e jovens entram em contato com esse universo, ainda no ambiente escolar. 

“Sabe quem é nossa população carcerária? Alguém já fez esse levantamento aqui em Taboão? Da população carcerária deste município? Pois bem, o professor Narciso já fez. São jovens que vão de 18 a 35 anos ao máximo. E são jovens que tiveram a sua evasão escolar, viu professor Lune? Eu ‘to’ falando isso com a clareza de quem ficou 39 anos em uma sala de aula estou falando isso com a clareza que Eduardo Nóbrega sabe muito bem, de quem foi para a periferia montar os Centros de Convivência, porque lá agente já sabia o quanto está falido esse sistema educacional”, finalizou Narciso. 

Era visível que o clima se fez tenso. Eduardo Nóbrega solicitou reunião de líderes em plenária e aparentemente em tom de discussão, o presidente da Casa José Aparecido Alves, suspendeu a sessão por quinze minutos. A interrupção durou um pouco mais de quinze minutos e na volta, os vereadores apresentaram votos de pesar e também de louvor, que foram aprovados por unanimidade. 

O fechamento das escolas na cidade foi alvo do posicionamento contrário dos vereadores. Waines Moreira defendeu as escolas em período integral e Joice Silva trouxe um requerimento que solicita à Secretaria de Educação a não utilização do prédio da EE Alípio para fins que não sejam educacionais. Todos votaram a favor e por unanimidade, o requerimento foi aprovado. 

Joice destacou o papel da dirigente de ensino, Maria das Mercês. Segundo a vereadora, Maria informou que pouco será feito quanto à reorganização da educação na região do bairro do Pirajussara. Na escola Alípio, foi solicitado que as atividades fossem mantidas e que se as mudanças tivessem de ocorrer, que fosse de modo positivo. “Hoje a escola possui 270 alunos matriculados, e que mesmo com esse número pequeno, a escola fosse mantida em funcionamento. Que caso o Governo do Estado queira trazer um CEU, onde obtém escola de línguas, de idiomas, ou mesmo uma escola em período integral, que tragam! Mas tragam antes de fechar a escola”, mencionou a vereadora. 

Ronaldo Onishi afirmou que não concorda com o posicionamento proposto pela dirigente. O vereador disse que segundo Mercês, a cidade de Taboão possui 27 escolas e que sua população é o dobro de Embu, por exemplo. Onishi mencionou que a palavra disponibilização de escola pública é sinônimo de fechamento e encerrou: “O Solidariedade é terminantemente contra qualquer que seja a disponibilização de escola estadual em nossa cidade. Não há justificativa plausível para um ato como esse”. 

O vereador José Aparecido Alves reiterou a fala dos demais pares da Casa, dizendo que é a favor da implantação de escolas em período integral e destacou a questão da falta de conscientização dos jovens com relação à transmissão de doenças venéreas. Durante sua reflexão sobre o assunto ele ressaltou: “Passamos por sérios problemas na educação onde, o que deve se buscar é ter escolas em período integral, evitando assim que essas crianças sejam aliciadas pelo crime, pelas drogas e continue sabiamente hoje, fazendo essa Casa refletir no que diz à desvalorização das famílias, à perda daquilo que ao longo de toda uma vida se construiu e hoje não pode se perder”. 

Érica Franquini comentou que apesar das diferenças que existem entre ela e Narciso, parabenizou a fala do professor, ao que de acordo com ela, foi muito importante. Nesse sentido ela declarou: “Eu acho que nossos educadores têm que pegar ‘mais no pé’ e falar sobre isso sim! Jovem só pensa em não ter filhos, mas não pensa na consequência das doenças”.
A vereadora Luzia Aprígio informou que é contra o fechamento de escolas e enfatizou a necessidade de abertura de novas escolas. “Eu acho que tem que avançar”, completou.

O recado de Lopes e a questão da ‘antiga’ CPI

A tão comentada documentação sobre as obras da Cooperativa Vida Nova foi levantada por Eduardo Lopes. O vereador disse que a nomenclatura CPI foi deixada de lado e que o objetivo é analisar com responsabilidade os desdobramentos. “E se indícios, fatos forem encontrados nesta documentação, então agente trará para que os pares possam fazer juízo e se houver a necessidade da abertura de uma CPI, para quem não sabe, até pra gente refrescar aqui o tema, já existe o pedido do presidente da Comissão de Finanças, vereador Marco Porta, pedido que já consta inclusive, três assinaturas”, falou Lopes. 

Luzia respondeu dizendo que tem o maior interesse em resolver a questão.

Caminhando para o final da sessão, Eduardo Lopes assustou a todos iniciando a sua fala com a palavra: vagabundo! Ele definiu de acordo com o dicionário o que realmente significa o termo: “Vagabundo, que apresenta péssima qualidade inferior. Me chama muito atenção, uma outra definição: desprovido de honestidade”.  Lopes destacou que as pessoas que assistem às sessões não são ‘vagabundas’ e que entre os munícipes, há assessores e outros profissionais da Câmara, inclusive a imprensa. 

O vereador afirmou que existem pessoas que vêm à plenária, depois de serem pagas, para insultar os pares. Ele foi enfático ao comentar: “Gente que é patrocinada para fazer delações, para ficar aqui, levantando calúnias a respeito de parlamentares. Eu sei que a classe política no Brasil esta manchada, da qual hoje eu faço parte”. 

Eduardo rebateu ao xingamento e deu o recado: “Esse vereador não tem medo de ameaça não. Eu estou acostumado a lidar à luz da Bíblia, pastor e decano dessa Casa, Marco Porta, eu estou acostumado com o diabo, demônios. Vou ter medo de homem? Vou ter medo de piada? De ilações, conversas paralelas aqui? Não tenho medo!”. 

Lopes declarou que não quer levar a questão para o lado pessoal, que não é só porque é pastor, que está na condição de idiota. O vereador se direcionou a Guarda Municipal e disparou: “A partir de hoje se eu ouvir mais uma vez, peço ai a GCM... Eu já tive uma experiência aqui e é prerrogativa desse vereador, colocar gente na cadeia! Peço à Guarda Municipal, que se um episódio dessa envergadura novamente acontecer vocês vão ter que usar da postura enérgica que lhes competem para prender ‘vagabundos’ que vem fazer ilações aqui”, disse Eduardo Lopes.

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