Samu Regional: 4 anos de luta pela vida e contra os trotes
No dia 30 de julho, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu Regional, com sede em Embu das Artes, completa quatro anos de atividades, período em que salvou vidas, treinou equipes, ampliou e aprimorou serviços. O Samu 192 registrou, do dia em que foi inaugurado (30/7/2011) até 30 de maio deste ano, 491.994 ligações, quase o número total de habitantes das cidades que atende (505.422), e teve de lidar com 75% de trotes. Nos restantes 25% ainda existem os casos que não são de emergência nem urgência. Resumindo: foram mais de 84 mil atendimentos feitos em quatro anos, em ambulâncias com suporte básico (68.009), suporte avançado (12.535) e de múltiplos meios (3.561), sendo 23.752 em Embu das Artes.
O Samu foi implantado por iniciativa do Consórcio Intermunicipal da Região Sudoeste da Grande São Paulo (Conisud), então presidido pelo prefeito de Embu das Artes, Chico Brito, com a proposta de atender a população da cidade, com população de 240.230, de Embu Guaçu (66.792), Itapecerica da Serra (151.349), Juquitiba (28.732) e São Lourenço da Serra (18.319). Nenhum dos municípios teria condições de ter o serviço médico, de emergência e urgência, de alto custo, isoladamente.
Serviço especializado
Chegar a esses números não foi uma tarefa fácil. São a etapa final de um trabalho que começa com o primeiro atendimento das chamadas telefônicas do 192 feito pelo Técnico Auxiliar de Regulação Medica ( TARM), avaliada pelo médico regulador de plantão, que identifica o grau de gravidade do chamado e aciona o encaminhamento da ambulância.
Daniela Rocha, que está no Samu da cidade desde o começo, ao atender a ligação 192, faz uma rápida triagem, antes de transferir para o médico de plantão. “Peço endereço e ponto de referência, pergunto o que está acontecendo para passar ao médico com informações iniciais.” Depois do atendimento de Daniela e do médico ter concluído a necessidade de encaminhar ambulância, a radioperadora Cláudia Elaine Ferreira entra em cena. É um dos servidores que passam a solicitação do médico para a unidade que irá até a pessoa que aguarda ser socorrida.“Loco a viatura, passo para o condutor, às vezes oriento pelo mapa. Posso acompanhar pelo mapa onde ele está e mostrar o melhor caminho. Às vezes a prioridade é tão grande que oriento por rádio”, diz. Cláudia.
Segundo a secretária de Saúde, Sandra Magali Fihlie, mesmo ao longo dos quatro anos de atividades do Samu, ainda há uma falta de informação dos munícipes sobre a função do Serviço de Urgência e Emergência Médica, pré-hospitalar. Muitas vezes as ligações recebidas são de problemas que podem ser resolvidos na UBS, que não necessitam de uma ambulância.
“Percebo, no período em que estou aqui, que a população não consegue entender ou aceitar a finalidade de um serviço como o do Samu. Muitos ligam para o 192 erroneamente e não se conformam quando o médico explica que o caso não é de atendimento do Samu”, diz o coordenador do Samu, Antônio Onimaru. O Samu atende urgências de natureza traumática, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica e de saúde mental. “A pessoa tem dor de cabeça, liga para ambulância. O serviço não é para isso”, diz o médico.
“Quando ligo, sou atendida”, diz Edvânia
“Aqui perto da minha casa aparece gente doente, pessoal de rua, com problemas mentais. Já liguei para o Samu e em 15 minutos eles apareceram. Um dia teve de vir também o Corpo de Bombeiros para atender um doente mental que estava machucado aqui no mato. Tanto o Samu quanto os bombeiros têm ajudado bastante”, conta Edvânia das Graças Martins, moradora do bairro Santa Rita. Ela é uma espécie de porta-voz da família, dos vizinhos, do bairro. Nunca deixa de ser atendida pelo Samu e diz que, ao solicitar o serviço, é preciso “ser educado, falar corretamente o endereço, informar claramente o que está acontecendo”.
Capacitação
As professoras Hilda Bezerra da Silva Santos, da Escola Municipal Ipê, no Jd. Vazame, e a secretária da creche conveniada Santa Terezinha, no Jd. Santo Eduardo, Mônica Perrucini Felga, fizeram e já testaram o treinamento que receberam do Núcleo de Educação Permanente do Samu. Mônica socorreu uma criança de 4 anos que engasgou: “Quando olhei pra ela, estava roxa e não dava tempo de esperar pelo atendimento médico. Eu me mantive calma, fiz o procedimento que aprendi no Samu, ela desengasgou e ficou bem”.
A capacitação também é um recurso para tornar o serviço mais conhecido e treinar servidores do Samu. “Estamos acostumados a receber trotes. Quando a pessoa liga, pegamos o telefone e retornamos. Aí não atendem ou a gente ouve risos do outro lado da linha. Algumas pessoas até se informam sobre sintomas de AVC para fazer a ambulância ir até elas. Essas pessoas não têm consciência do quanto é importante o serviço do Samu, de que a gente salva vidas.”, conta Daniela Rocha.
Samuzinho
A próxima estratégia da Prefeitura de Embu das Artes, para trazer mais conhecimento sobre a função do Samu, com toda sua complexidade, é criar o Samuzinho nas escolas municipais. Depois de instalado na cidade, o Samu passou por várias fases de aperfeiçoamento previstas. “O mais importante dos dois últimos anos é o Núcleo de Educação Permanente. Essa atividade não se vê. E um trabalho de treinamento das equipes e tem dado resultados”, informa Antônio Onimaru.
Prefeitura da Estância Turística de Embu das Artes