Assaltos na passarela, som alto e estupros são temas abordados no Conseg Monte Alegre de Taboão

29/05/2013

“Os assaltos na passarela do shopping são diários e em diversos horários desde às 4h da manhã. Só não fui morto, porque não reagi. Mas, não fizemos boletim de ocorrência. Aqui [o bairro Cidade Intercap] virou rota de fuga para os criminosos que vem de São Paulo e por este motivo a polícia ou guarda nunca conseguem alcançá-los assim que cometem os roubos”, afirmou um morador do local durante reunião do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) Monte Alegre, realizada na Associação de Amigos de bairro, avenida São Paulo, na noite da última terça-feira (28). 

Foram constantes também, durante a reunião, as queixas e denuncias de assaltos praticados por motoqueiros, ponto de usuários de droga, sexo a qualquer hora do dia, estupros em praças do bairro e barulho excessivo na quadra bem em frente à passarela no período noturno e madrugada. O medo enfrentado pelos moradores de denunciarem os traficantes e criminosos ficou evidente na reunião. Eles disseram que já foram ameaçados após denuncias, duas das vítimas em suas próprias residências. 

“Ele sentou no meu sofá e disse: se desse uma pedra de crack daria cabo [mataria] a vida dela e do marido. Isso aconteceu devido a uma invasão prevista para acontecer”, contou uma moradora. “Denunciei que estavam jogando entulho e ele foi em casa me ameaçar e mostrar o dedo do meio. A Lei privilegia o bandido. A polícia prende, mas a justiça solta”, afirmou outro morador. E completou: “os moradores sabem onde fica a boca do tráfico, mas tem medo de denunciar, a lei solta”. Todos eles pediram mais policiamento.

Outro morador e comerciante da Avenida São Paulo, apresentou as autoridades policiais presentes um abaixo assinado a fim de reivindicar uma base da polícia militar na rua Benedito Procópio divisa com o bairro Educandário em São Paulo. De acordo com ele os comerciantes já se comprometeram a ajudar a implantar a base [até com materiais] e ainda a manter a base. “Lá em cima os criminosos roubam e saem para a favela. Eles também passam de moto e ficam observando os comércios”, afirmou. Ele sugeriu que trabalhem em conjunto com a guarda municipal. Outra comerciante, por sua vez afirmou que mantém seu comércio aberto até as 18h, temendo ser assaltada.

O tenente Costa Júnior afirmou que o Governo do Estado está colocando em prática o policiamento móvel, não mais o estático. Uma vez que a base precisa de no mínimo 10 homens para o efetivo, com esse número é possível, segundo ele a compor pelo menos cinco viaturas. “Há uma série de detalhes para implantar uma base, entre eles análise da quantidade de crimes que ocorrem na região”, afirmou. 

Ele também ressaltou que todos os policiais sabem que o local é um lugar estratégico para fuga e que já foram realizados flagrantes na avenida como uma mulher vítima de roubo e a prisão dos acusados aconteceu na rua das Camélia. “Além disso, toda a semana são realizados bloqueios policiais nestes bairros”. Após afirmação da não realização de Boletim de Ocorrência, o tenente lembrou que é necessário o registro, uma vez que é com base nos registros que a polícia sabe os horários e onde estão acontecendo os assaltos, encaminhando assim o policiamento para esses locais. “A partir das 4h já tem patrulhamento de policiais da Rocam por aqui. Só as motos para perseguir outras motos”. 

Um morador e também comerciante pediu para que o prefeito ouça mais a população, só ela para saber o que é necessidade de melhorias, lembrando que há oito anos eles [comerciantes] haviam conseguido todo o material para construção de uma base da polícia, mas o então prefeito Evilásio nem ao menos respondeu a solicitação. 

O secretário de Segurança, Gerson Brito falou da desmotivação que os guardas se encontravam assim que assumiu a secretaria e o seu primeiro passo foi recuperar a auto-estima deles. Afirmou que só neste mês de maio no bairro Cidade Intercap e adjacências 106 ocorrências policiais foram registradas. De acordo com ele segurança se faz com inteligência e defendeu: “o que precisamos são câmeras de controle de segurança para detectar onde estão acontecendo os crimes e direcionar policiamento para lá”.

Ele defendeu que a base não dá segurança e sim uma falsa sensação de segurança e explicou que agora a corporação atende em seis núcleos de toda cidade “os guardas devem permanecer em cada setor” em quatro viaturas de ronda constante [24 horas].

Ele tratou ainda, na reunião sobre a investigação do suposto desvio de verba do videomonitoramento. De acordo com ele, a justiça já determinou a devolução de quase R$ 1 milhão e 800 mil uma vez que o projeto encaminhado para Brasília não foi aceito e a devolução terá que ser feita no prazo mínimo de 30 dias, ou serão suspensos todos os convênios da prefeitura. Outras duas verbas de projetos como “Mulheres da Paz e Protejo” devem ser devolvidas também.

O secretário afirmou que o videomonitoramento não existiu e indicou que a câmera no bairro só tem a lente, nunca foi colocado o cabo. Segundo ele, a administração anterior “acabou com a cidade”. E ainda frisou que está concluindo uma sindicância indicando nomes de possíveis culpados pelo mau uso do dinheiro do Pronasci.

Ao longo de 2012 uma séria de reportagens produzidas pelo Jornal na Net mostrou que o sistema de videomonitoramento de Taboão da Serra não estava funcionando há meses – relembre aqui, aqui e aqui. As câmeras que poderiam ajudar a resolver crimes e até a inibir outros simplesmente desapareceram ou deixaram de funcionar. 

Por fim, ele ressaltou que a guarda tem realizado bloqueios semanalmente, comentou sobre a abertura de algumas ruas, fechadas de forma irregular na cidade e ainda, o trabalho contra o combate de despejo indevido de entulho. 


O vice-prefeito Laércio Lopes disse que independente da devolução do dinheiro, o prefeito Fernando Fernandes tem a ideia de fazer testes para implantar o videomonitoramento, promessa defendida durante a campanha de Fernandes. Já o comandante da GCM, Leonel pontuou que a corporação começou nesta terça a fazer ronda a pé, por esse motivo é importante trabalhar com estatística.

O delegado doutor Gilson Campinas comentou sobre reuniões realizadas entre as policiais militar, civil e guarda municipal com objetivo de unificar as corporações. Afirmou que o disque-denuncia (183) deve ser utilizado muitas vezes “usem e abusem desse recurso”, ressaltando que é dessa maneira que a polícia sabe onde estão acontecendo os crimes. De acordo com ele, o atendimento na Delegacia é difícil. Só na terça quatro adolescentes foram detidos e quatro roubos registrados. "Demora mesmo, mas estamos executando nosso trabalho”. Ele frisou que cerca de 40 ocorrências são registradas por dia na Delegacia.

A reportagem do Jornal na Net apurou que o Distrito Policial recebeu desde a última semana duas viaturas, uma delas para fazer transferências de presos, é essa que aguarda resolver questão de combustível.



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