O que vou ser quando crescer?

Toda pessoa já se fez essa pergunta: “o que vou ser quando crescer?”. Geralmente, ela estava associada a uma criança sonhadora, que quase sempre escolhia ser astronauta. Embora seja um questionamento simples, acredito que é essencial nossos jovens se perguntarem o que querem fazer no futuro. 

Faz dois anos que trabalho em escolas públicas de Embu com o Km23 e, desde o início do projeto, nós tínhamos uma pergunta de um milhão de dólares: “Qual é o sonho do jovem de periferia?”. Todos os dias, nós entrávamos em uma sala de aula para palestrar ou falar de alguma oportunidade sem saber muito o que aqueles jovens queriam ser. Até que um dia fizemos uma roda e perguntamos a eles. As respostas não surpreenderam. A maioria deles querem ficar ricos, constituir família ou lançar uma nave (comprar um carro). Pouquíssimos queriam fazer uma faculdade, ser professor ou abrir um empreendimento. Mas, todo esse processo me ensinou algumas coisas. 

Acredito que a primeira lição é que todos nós sonhamos: seja em conseguir quitar o Celta ou ir a lua. Isso é importante, pois ter um sonho nos faz ter força para caminhar. Agora, a segunda foi que muitas vezes o que nos faz almejar algo grande, um sonho fora da curva é ter uma referência próxima. Mas o que é ter referência? Para nós, referência é um exemplo de uma pessoa próxima (geograficamente ou por ter uma história de vida parecida com a sua) que conseguiu avançar na vida em alguma área, seja na faculdade, no emprego ou aprendendo novas línguas. Além disso, o mais interessante é o fato das pessoas se reconhecerem e se identificarem com outras. Isso pode dar uma força tremenda para que elas corram atrás do seu sonho e pense algo que ouvimos de muitos jovens: “Se ela que é parecida comigo e conseguiu, por que eu  não posso?”.

A partir dessas reflexões, uma ação que criamos dentro do Km23 para tentar ajudar os jovens a responderem essa pergunta sobre o que eles sonham ou o que querem fazer no futuro, foi o “Programa de Carreira do Km23”. 

Basicamente, a ideia foi a seguinte: em 3 meses, nós colocamos 20 alunos para passarem pelas principais etapas do processo de escolha profissional que toda pessoa precisaria passar. Primeiro, eles tiveram um curso de autoconhecimento, pois nada mais importante do que eles pararem para refletir no que eles são bons, o que eles gostam e no que precisam se desenvolver. Depois, veio a parte da referência. Reunimos 5 universitários da USP em Embu para contar suas histórias para os alunos. Jovens que assim como eles estudaram em escolas públicas, vieram de periferia e que hoje estão na melhor universidade da América Latina. Por fim, a última etapa do programa será dia 14/12 no Parque do Rizzo (sábado que vem), os alunos terão que apresentar para uma banca qual foi o curso escolhido. Para isso eles tiveram que entrevistar um profissional da área, pesquisar as faculdades que oferecem esse curso e mostrar para a banca que de fato conhecem do que estão falando e que vão escolher o curso com embasamento. 

Para mim, todo aluno de escola pública deveria ter essa oportunidade que os alunos do Km23 estão tendo. Oportunidade de se conhecer e ver no que são bons e o que gostam de fazer. Oportunidade de conhecer pessoas que os inspiram e que servem de exemplo para a vida. Ter a oportunidade de fazer uma faculdade e ter uma profissão digna.

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