Ensino superior para quem vem de escola pública e periferia

Com o início do ano, nós que trabalhamos com jovens que estão na etapa de se preparar para o vestibular temos ótimas notícias. O Km23 em parceria com as escolas públicas de Embu ajudou nove alunos a entrarem na faculdade através do nosso programa de mentoria, em que conectamos esses alunos com universitários para conversarem e, além disso, dávamos simulados mensais para os alunos se prepararem. Dos nove, três alunos passaram na USP e o restante em faculdade privadas com bolsa.

Apesar da felicidade, não quero falar apenas do Km23 nesse texto, mas refletir com você sobre a importância de se fazer ensino superior para jovens que vem de escola pública e de periferia.

Existe um dado de que 26% dos alunos de escolas públicas entram na faculdade depois que se formam no ensino médio. Mesmo com programas do governo federal como as cotas,  o Prouni, o Sisu e o Fies esse número ainda é muito baixo. Pela minha experiência, esse fenômeno acontece por alguns motivos: falta de conhecimento das oportunidades de gratuidade (universidades públicas, cotas, bolsas, isenção, permanência estudantil), falta de recursos para pagar uma faculdade, falta de preparação para fazer o vestibular e a falta de tempo devido ao trabalho.

Embora existam esses desafios, eu sou um defensor ferrenho do acesso ao ensino superior desses jovens. Existe um argumento prático de que quem tem diploma no Brasil, hoje, ganha um salário em média 3 vezes maior quando comparamos com quem não tem diploma. E, um argumento mais subjetivo de que, na minha vivência, quando você tem alguém na sua família que fez ou está fazendo faculdade isso muda toda a perspectiva dos seus parentes. Eu vi isso acontecer na prática, pois quando estava estudando para o vestibular, meus pais voltaram a estudar também, terminaram os estudos e entraram na faculdade. Minha mãe era empregada doméstica e hoje é pedagoga. Meu pai é um marceneiro de profissão e está prestes a se tornar engenheiro igual a mim.

Dessa forma, eu acredito que as escolas, professores, pais, amigos e projetos como o Km23 tem a função de criar alternativas e estruturas para que o aluno de Embu tenha suporte para ingressar no ensino superior. Fazer faculdade é importante para o aluno, pois ele progride na sua carreira, importante para a família, pois ela ganha uma referência e importante para a cidade, pois terá uma força de trabalho qualificada.  

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