Vereador Natal critica falta de segurança nas escolas estaduais de Taboão da Serra

Por Sandra Pereira | 25/06/2010

Medo. O sentimento é comum entre os alunos e até entre os professores da rede estadual de ensino de Taboão da Serra. Apesar de ser um problema grave a falta de segurança nas escolas estaduais raramente é tratada com a seriedade que o tema exige.

O assunto foi abordado na sessão da Câmara Municipal de Taboão na terça-feira, 22, pelo vereador Natal. O parlamentar cobrou mais atenção do governo do Estado com a segurança nas escolas estaduais e relatou vários casos que chegaram ao seu conhecimento por meio dos moradores da cidade.

“A falta de segurança nas escolas está se tornando um problema grave e precisa de mais atenção do governo do Estado. Temos várias denuncias de pais e alunos”, afirmou Natal.
De acordo com ele faltam viaturas e melhores condições para os policiais realizarem um trabalho preventivo. Natal acredita que a falta de investimentos em segurança pelo governo do Estado favorece o aumento da criminalidade e aumenta a insegurança.

“O governo do estado tem que tratar a segurança em geral com mais seriedade. Na região do CSU o medo virou rotina entre os comerciantes e os moradores”, contou. “Só tem duas viaturas na Base do Pirajuçara para atender a região. Os policiais não podem fazer nada sem condições de trabalho”, completou.

O discurso do vereador Natal sobre a violência nas escolas, feito na Tribuna da Câmara Municipal, traduz o que os alunos vem sentindo na pele nas Escolas Laerte Leite, no Saint Moritz e Antônio Ruy Cardoso, no Jardim Salete, assim como em outras escolas estaduais. 

O estudante G.R.P., 22 anos, foi vítima da violência na escola. Ele vivenciou uma situação inusitada e ao mesmo tempo absurda há pouco mais de três meses, próximo ao horário de saída da escola. “O rapaz me abordou e mandou tirar o tênis, a jaqueta e entregar o celular. Ele era da minha escola, estava armado e falou que se eu reagisse me matava”.

O relato do estudante demonstra o que vem acontecendo no ambiente escolar. O medo da violência cresce entre os estudantes e até mesmo entre os professores. Os docentes começam a enfrentar transtornos desconhecidos até pouco tempo. Muitos acabam desistindo de ensinar e os que persistem ficam numa posição de distanciamento.

A violência na escola vem sendo discutida entre os especialistas como um problema novo nas escolas brasileiras. De acordo com ele, a indisciplina nas salas de aula assumiu tais proporções que muitos professores estão com medo dos alunos. Não se trata da violência que, nos bairros pobres, ultrapassa os muros escolares e ameaça fisicamente os educadores, mas sim de um fenômeno de subversão do senso de hierarquia.


"Os professores estão sofrendo de fobia escolar, antes um distúrbio psicológico exclusivo das crianças", diz o professor e psicanalista Raymundo de Lima.
Segundo ele, o  professor que desenvolve fobia escolar sente um pavor profundo da escola e da sala de aula, acompanhado de alterações físicas como palpitações e tremores. Os ambulatórios psiquiátricos dos hospitais brasileiros já registraram o aumento dos casos de professores com distúrbios de ansiedade, entre eles a fobia escolar.


"O número de professoras que têm procurado atendimento por estar estressadas, deprimidas ou sofrendo de crise do pânico aumentou cerca de 20% nos últimos três anos", diz Joel Rennó Júnior, coordenador do Projeto de Atenção à Saúde Mental da Mulher do Hospital das Clínicas de São Paulo.


De acordo com ele, até meados dos anos 90, esse tipo de distúrbio psicológico era um quase monopólio daqueles professores que trabalham em escolas públicas.

O medo da violência é tamanho que nenhum outro tema relativo à rotina escolar ganha tanto espaço em casa quanto brigas ou o uso de drogas no recreio. Esse assunto aparece à frente daquilo que deveria estar no centro das conversas familiares: a sala de aula.


A preocupação dos pais tem respaldo na realidade - e a própria pesquisa aponta isso: 45% deles relatam saber de episódios de agressão física na escola dos filhos, 40% mencionam roubos e furtos e 32% se referem a casos de drogas no pátio. São dados que ajudam a explicar parte da insegurança manifestada pelos entrevistados.
Há, no entanto, outra razão - essa de caráter mais subjetivo: tal insegurança é também provocada pela indisciplina e pela desorganização nas escolas. Explica Patrícia Guedes, uma das coordenadoras da pesquisa: "Esse ambiente transmite a idéia de que as crianças estão desprotegidas - e não sendo cuidadas".


O fato é que, em escolas onde todo mundo se sente mais vulnerável, os alunos faltam mais às aulas e o ensino piora, segundo demonstrou um estudo da Unesco. Resume o estudante Lucas Batista, 15 anos, testemunha de xingamentos entre professores e alunos e do consumo de drogas nas dependências de sua escola: "Com um clima assim, é difícil aprender qualquer coisa".

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