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Das Doenças Infecciosas às Doenças Autoimunes

Por Outro autor | 30/11/2022

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Até os anos 60 não ouvíamos falar em doenças alérgicas ou autoimunes com a mesma frequência atual. Alergias ao amendoim, asma e doenças autoimunes, como a Diabetes Mellitus, Artrite Reumatóide e outras, ainda eram consideradas raras tanto no Brasil como na América do Norte. Mas hoje as doenças inflamatórias crônicas são a causa mais importante de mortes no mundo todo. De acordo com recente publicação da Biblioteca Nacional de Medicina norte-americana espera-se que as inflamações crônicas continuem aumentando nos próximos 30 anos. Atualmente, três em cada cinco pessoas morrem de doenças inflamatórias como, derrame, doenças respiratórias crônicas, doenças do coração, câncer, diabetes e etc.

Levando-se em conta somente as doenças intestinais, colite ulcerativa e doença de Crohn, estas atingem mais de 2 milhões de europeus e 1,5 milhão de americanos. No Brasil as doenças intestinais crescem 15% ao ano e entre 2009 e 2019 atingiu 53,55% das mulheres.

Assim, a assustadora taxa de mortalidade pelas doenças infecciosas do passado, como a caxumba, difteria, varíola, cólera, rubéola, sarampo, coqueluche etc., deu lugar aos altos índices das doenças inflamatórias crônicas.

Ao observarmos a diminuição e praticamente eliminação das doenças infecciosas do passado, somos levados a acreditar que devemos a conquista aos programas de imunização. No entanto, é interessante notar que um estudo detalhado feito no ano 2000 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano, o CDC, e a Universidade Johns Hopkins, concluiu o seguinte: “A vacinação não foi responsável pelo impressionante declínio da mortalidade por doenças infecciosas visto na primeira metade do século XX... 90% do declínio da mortalidade por doenças infecciosas entre as crianças americanas aconteceu antes de 1940, quando a disponibilidade de antibióticos e vacinas era muito pequena.”

Embora polêmico, outro estudo realizado por John B. McKinlay e Sonja M. McKinlay em 1977, demonstrou que a introdução de medidas médicas específicas e a expansão de serviços médicos, como vacinas, cirurgias e antibióticos, teria sido responsável por apenas uma pequena fração no declínio da mortalidade a partir dos anos 1900. Tanto o CDC como os McKinlays atribuem o desaparecimento das mortes por doenças infecciosas às melhorias sanitárias e nutricionais.

No Brasil o declínio de mortes por doenças infecciosas seguiu um padrão semelhante ao americano, e um estudo feito por Cássia Maria Buchalla, Eliseu Alves Waldman e Ruy Laurenti para o Município de São Paulo indicou: “A proporção de óbitos por doenças infecciosas caiu de 45,7 % do total de óbitos em 1901 para 9,7% do total de óbitos em 2000, representando uma queda de 78,8%... Em 1900, à semelhança do que ocorria em áreas desenvolvidas, como os EUA, no Município de São Paulo 33% dos óbitos eram devidos à pneumonia, tuberculose e diarréias ou enterites. No final do século XX, temos no Município de São Paulo um padrão de mortalidade muito próximo ao das áreas industrializadas. Enquanto em 1997, nos EUA, as doenças do coração e os cânceres respondiam por 54,7% das mortes, a pneumonia, a influenza e a aids, por 4,5%. Em São Paulo, aqueles dois grupos de doenças crônicas foram responsáveis por 49,6% do total de óbitos de 2000, e a pneumonia por apenas 4,7%.” Embora os autores do estudo brasileiro tenham feito menção às vacinas, eles também atribuíram a diminuição das mortes por doenças infecciosas às condições de melhoria de higiene e nutrição.

O que fica evidente e chama a atenção é a mudança de causa-morte a partir da década de 80, pois se até então tínhamos uma taxa de mortalidade altíssima associada às doenças infecciosas, a partir daí vemos surgir um aumento muito grande no número de casos de câncer e o aparecimento de uma “nova” doença em ascensão – o autismo. Praticamente desconhecida, a doença foi apresentada ao público no filme Rain Man, em 1988.

De acordo com o estudo britânico realizado pela Associação de Saúde Mental da Criança e do Adolescente (Association for Child and Adolescent Mental Health), a partir de 1998 a 2018 houve um aumento exponencial de 787% na incidência de casos de autismo. Embora alguns estudos tentem associar a doença a questões de ordem genética, obviamente que há de existir uma explicação melhor para um aumento dessa magnitude nesse espaço de tempo, pois como explica a epigenética, algum fator novo e introduzido na população mundial fez com que o os genes humanos “mudassem” e começassem, a partir de um momento, a expressar a doença devastadora que envolve não somente o indivíduo portador do Transtorno do Espectro Autista, mas a família toda.

O autismo não mata com a mesma incidência das doenças do coração ou câncer, mas a expectativa de vida da pessoa com um caso severo de autismo é de 39,5 anos ou em torno de 58 anos para aquele com um índice maior de funcionalidade.

Em 1994, o médico britânico Andrew Wakefield, cirurgião gastrointestinal com especialização em doenças intestinais como colite ulcerativa e doença de Crohn, publicou uma pesquisa associando o sarampo à doença de Crohn. A partir desse trabalho o médico começou a ser procurado por muitas mães afirmando que após a vacinação com a tríplice viral (MMR), as crianças com desenvolvimento e fala normais haviam regredido e muitas perdiam a fala e apresentavam outros sintomas gastrointestinais fortes, como diarréias. Curiosamente, quando Wakefield e a equipe de médicos começaram a tratar as crianças com medicações de praxe para doenças intestinas, estas não somente melhoravam dos sintomas gastrointestinais, mas também dos sintomas de autismo. As crianças começaram a usar palavras que não articulavam há cinco anos. Animados com o progresso, os médicos estudaram 12 crianças, e em 1998 publicaram um estudo no conceituado jornal The Lancet, sugerindo uma possível associação da vacina tríplice viral (MMR) com casos de autismo.

Infelizmente, enquanto cientistas e médicos buscam as verdades, estas costumam ameaçar paradigmas econômicos poderosos e Wakefield teve seu trabalho desacreditado, foi perseguido e perdeu a licença de trabalho como médico. Para o bem de muitas famílias ele hoje é autor de diversos filmes sobre o assunto e continua fazendo um trabalho de grande interesse.

Outra cientista e pesquisadora americana, Judy Mikovits, com 20 anos de experiência no Instituto Nacional do Câncer, que ousou questionar se o uso de tecidos animais em pesquisas e produtos médicos não estariam desencadeando doenças crônicas devastadoras, como o autismo e a Síndrome da Fadiga Crônica, também foi ridicularizada, perseguida e teve a carreira destruída após importante trabalho publicado em 2009 no jornal “Science”.

Caso os trabalhos, não somente dos médicos e cientistas citados acima, mas estudos e publicações de tantos outros médicos como, por exemplo, os recentes alertas do médico cardiologista americano Peter McCullough, estejam corretos, poderíamos ver uma completa transformação nas práticas científicas atuais. E, ainda, uma possível mudança no destino do tratamento das doenças inflamatórias crônicas, com grandes possibilidades de eliminação das doenças pandêmicas que mais ameaçam a raça humana hoje.

*Por Florence Rei

 

 

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