A Sessão da Câmara Municipal de Taboão da Serra desta terça-feira, 24, foi longa e repleta de discussões. O debate acirrado na Casa começou  após provocação dos moradores e comerciantes prejudicados com as enchentes na região central de Taboão da Serra. Eles vieram cobrar apoio do Legislativo na conclusão das obras de canalização do córrego Poá. Segundo eles, única alternativa para pôr fim ao drama das enchentes que anualmente acomete centenas de famílias no local.  

Outro tema relevante de destaque na sessão foi a saúde. As mortes ocorridas no pronto socorro municipal da Antena voltaram a pauta da Casa com força. Entretanto, a discussão mais acalorada aconteceu após a leitura do pedido de cassação do prefeito Fernando Fernandes feita em plenário, de sopetão, pelo vereador Luiz Lune, líder do PCdoB na Câmara. O pedido de afastamento do prefeito foi feito pelo presidente Antônio Gomes de Andrade, o Toninho.

Coube ao presidente da Comissão de Justiça e  de Redação da Casa,  vereador Marcos Paulo, o Paulinho, ler de tribuna parecer da Procuradoria aceito pela comissão, rejeitando o pedido de cassação sob o argumento de que a denúncia sofreu rejeição formal e  material. 

Vereadores da oposição e da situação se revezaram na tribuna para defender seus pontos de vista. A maioria acabou concordando que a cassação não deveria tramitar na Casa e por 10X3 a denúncia foi arquivada. 

Um dos fatos mais marcantes da longa noite de trabalho foi o depoimento emocionado da moradora Michele Aparecida de Souza Manfrini, irmã da jovem de 25 anos morta na Antena na última semana. A  família acusa ter havido negligência médica em seu atendimento. Michele  emocionou todos ao falar da dor da perda de alguém muito próximo. Disse que Rose era a caçula querida de quatro irmãos que havia sido criada como um todo mimo pela família.

“A morte da Rose deixou um vazio que não vai ser preenchido. Chega de mortes no Antena. Outras famílias não podem continuar passando pelo que a nossa passou”, disse. 

A vereadora Joice Silva, presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal convocou uma audiência pública para o próximo dia 31,  aonde a secretaria de saúde de Raquel Zaicaner deverá prestar esclarecimentos sobre a morte da jovem. A vereadora convocou os diretores da Sociedade Paulista de Medicina (SPDM), Jorge Salomão e Nancime para prestar esclarecimentos das mortes recentes na unidade. Ela foi acompanhada de pronto pelo líder do governo, Eduardo Nóbrega, que chamou os diretores de “almofadinhas”.

Causou mal estar entre os vereadores a fala de um munícipe na tribuna popular afirmando que a Casa não teria se sensibilizado com a morte da jovem no Antena. O vereador Marcos Paulo foi o que mais falou sobre o assunto e sugeriu que ele deveria primeiro ganhar eleição antes de vir provocar discussões na Casa. Salientou que o morador não poderia falar dos sentimentos dele e avisou: “meu pai minha mãe passam na Upa. Os nomes deles estão lá. Então não adianta vir candidato a vereador aqui falar do meu sentimento sobre a morte. O meu sentimento quem sabe é Deus”, declarou.  

O debate sobre saúde foi extenso e predominou em boa parte da sessão. O vereador Moreira afirmou que a cidade enfrenta uma situação crítica e que o prefeito precisa tomar medidas de urgência senão a Casa é que terá de tomar medidas urgentes contra o prefeito. 

O vereador luiz Lune, fez um discurso visivelmente emocionado, em defesa dos munícipes que utilizam os serviços públicos de saúde em Taboão da Serra. O vereador voltou a repetir que desejava existir inferno para que os políticos que defendem a saúde possam ir para lá. 

Na réplica a base governista defendeu o governo, falou da ampliação e dos investimentos feitos na área de saúde. Entretanto, todos os vereadores disseram que durante audiência pública de saúde, convocada pela comissão de Saúde, vão cobrar respostas concretas da SPDM.