O poder do jornal impresso, o Vereador Alexandre Depieri X Imprensa Regional

Por Sandra Pereira | 18/05/2010

“Meu ideal seria escrever algo capaz de alegrar a menina na cadeira de rodas, de arrancar um sorriso da moça triste na janela. De fazer com que os homens pudessem despertar dentro de si o que há de melhor...”. O fragmento acima é parte de um texto escrito num dos livros distribuídos na escola pública onde estudei a 4ª série no interior de Alagoas. Um lugar tão pequeno e pobre, uma escola tão pequena que até os dias de hoje não consta no mapa. Mas, nunca esqueci esse texto! Ele despertou em mim um desejo tão intenso de escrever para mudar o mundo que quando finalmente pude prestar vestibular não tive dúvidas: vou ser jornalista!

Depois de quase 10 de anos de formada tenho cada dia mais certeza de que é essa minha missão no mundo! Foi para isso que Deus me permitiu nascer. Foi por isso que na 4ª série aquele texto mexeu tanto comigo. Foi ele que me provocou e incentivou a ler todos os títulos da biblioteca da Escola Professor Egídio Barbosa da Silva, no povoado de Lagoa do Caldeirão, zona rural de Palmeira dos Índios. Os poucos livros de lá me levaram a descobrir o mundo. Hoje, a Internet é quem cumpre essa tarefa, até mesmo lá.

Meu ideal de escrever para tornar a vida das pessoas mais felizes não morreu. Mas, a cada dia fica mais difícil concretizá-lo. Sou jornalista! Ainda lembro a primeira vez que disse essa frase que tanto me enche de orgulho. Como jornalista aprendi que as palavras têm poder de mudança. Que o jornal é um instrumento tão forte quanto um tanque de guerra, ou uma multidão enfurecida.

Descobri que a força do jornal não está no idealismo de quem o faz. Mas, na credibilidade conferida por aqueles que o lêem. Um único jornal impresso pode provocar uma revolução. Por isso é inadmissível que um legislador, com diploma de advogado, ignore o poder do jornal impresso, e, mais ainda, agrida a toda uma população alegando problemas culturais na tentativa de ridicularizar o papel da imprensa e o poder do jornal.

Na eleição de 2008, lembro de receber em minha casa uma revista produzida com o papel mais caro, apresentando o então ex-secretário de Assistência Social, Alexandre Depieri como candidato a vereador. Sendo secretário de uma pasta tão desejada como essa pensei de imediato: teremos um novo vereador na Câmara de Taboão. O material de campanha dele, era bonito, bem escrito, repleto de fotos e trazia várias promessas, que até o momento se mostraram eleitoreiras.

Não vi e nem cobri nenhuma ação do vereador que justifique aquela revista tão bonita, cuidadosamente posta dentro de um saquinho plástico para não molhar. Ao contrário do nobre vereador continuo acreditando nos mesmos princípios que me fizeram jornalista. Hoje, já mais madura, comedida, mas nunca de forma covarde, cruel ou me valendo de subterfúgios para atacar os outros.

Desde que vim morar em Taboão da Serra, há exatos 5 anos, me deparei com uma nova realidade da imprensa. Sempre trabalhei em jornal impresso, fiz assessoria e muitos freelas, como a gente chama. Confesso que ainda tento me adaptar a essa nova realidade, onde o jornalista é pouco valorizado, onde o piso salarial é menor do que em Alagoas, acredita? Essa adaptação não foi e não  é  fácil.

A relação entre os jornalistas diplomados e os donos de jornal quase sempre é delicada, o que torna a imprensa regional frágil. Mas, em meio a todo esse contexto turbulento, todos os dias, incansavelmente, nas longas madrugadas frias ainda tento escrever para mudar o mundo. Ainda tento escrever  coisas capazes de alegrar meninas, meninos, moças, rapazes, homens e mulheres tristes.

Talvez por inocência, o vereador atraiu para si a atenção de toda a imprensa regional, seja ela boa ou ruim, agora, ele vai descobrir se as pessoas de Taboão lêem ou não os jornais locais. Cada questionamento ou cobrança que ele receber na rua vai responder a essa questão!

Sandra Pereira - Jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas

Pós graduação quase concluída em Ciências da Comunicação pelo Cesmac


Comentários