Protesto dos perueiros trava trânsito e revolta moradores de Itapecerica

Por Outro autor | 12/05/2010

O clima esquentou em Itapecerica da Serra por causa do protesto dos perueiros contra o andamento da licitação do Transporte Alternativo em curso na cidade. No final da tarde desta quarta-feira, 12, a categoria realizou um protesto que travou o trânsito da cidade.

Houve relatos de que um grupo de perueiros agrediu um motorista e depois, brigou entre si. Mas, a categoria nega as acusações. “A nossa manifestação é pacifica, não queremos fazer mal aos munícipes, apenas mostrar que não concordamos com a licitação e queremos a revogação”, afirmaram as lideranças dos perueiros.

O trânsito parado se estendeu por todo o centro da cidade. A manifestação começou em frente a prefeitura, depois foi em direção ao supermercado Bandeira, seguiu pelo Pronto Socorro da cidade, até a praça João Pessoa tomando praticamente toda a XV de Novembro, além de outras avenidas.

A Reportagem do Jornal na Net levou cerca de 1 hora e meia da Prefeitura ao centro da cidade, além de constatar que todos os pontos de ônibus estavam lotados de passageiros durante o dia inteiro. Por essa razão a manifestação dos perueiros deixou os moradores insatisfeitos.

“Todos os ônibus estavam lotados, pelo menos 4 passaram sem parar no ponto, nenhum passageiro conseguia entrar no coletivo, atrasei cerca de 1 hora para chegar ao trabalho. Não sabia que os perueiros estavam em greve”, contou uma munícipe que não quis se identificar.

A manifestação em frente a praça João Pessoa foi pacifica, quando algum veículo não respeitava a barreira da polícia, os perueiros intimidavam o motorista, mas com a intervenção da Polícia Militar e da Guarda Civil os mesmos liberavam os motoristas.

Segundo os condutores do Transporte Alternativo a manifestação continuará durante todo o mês. Eles disseram que só voltam a trabalhar como sugerido pelo Prefeito Jorge Costa, após proposta feita durante a manhã desta quarta-feira, se a licitação for suspensa.

“Não vamos continuar trabalhando durante esses 15 dias solicitado pelo prefeito, esses dias não ajudarão em nada a nossa vida, só será bom para ele, pois a cidade volta ao normal e depois ficaremos sem emprego mesmo”, repetia um manifestante.

Muitos munícipes estão insatisfeitos com essa paralisação das peruas da cidade, pois grande parte da população necessita do transporte alternativo. Questionados na rua, a maioria não sabe o porque destes acontecimentos, mas as opiniões estão dividadas, muitos apóiam e outros recriminam.

A munícipe Roméria dos Santos, não apóia a manifestação. Segundo ela não é com ato de vandalismo que os perueiros conseguirão ganhar essa luta. “Não gosto de pegar perua, eles não respeitam usuários, colocam um emcima do outro, correm, falam no celular durante todo o momento, enfim acredito que deve ter uma mudança”, afirmou.

A Guarda Civil Municipal ficou a todo o momento acompanhando a manifestação e, além disso, fizeram a segurança da Câmara Municipal. Já a Polícia Militar garantiu a segurança dos motoristas e dos manifestantes.

A paralisação dos perueiros afeta principalmente os bairros sem acesso a linhas de ônibus.

A prefeitura diz que os perueiros romperam acordo feito na reunião, que seria o de voltar ao serviço até novo encontro no dia 27 de maio próximo. Segundo a liderança dos perueiros, não houve rompimento de acordo: “nós dissemos que levaríamos a proposta aos colegas; eles é que decidiram continuar parados”, disse um dos representantes das cooperativas ali presentes.

A reunião entre as cooperativas e o prefeito foi acompanhada por vereadores. Segundo os vereadores Clóvis Pinto e Amarildo Gonçalves, o Chuvisco, a decisão era de retomar o serviço: “a licitação não pode ser anulada agora, pois a Cooperativa habilitada poderia ganhar na Justiça”, disse o vereador Clóvis Pinto. O vereador Amarildo Gonçalves, o Chuvisco, disse que a Prefeitura tinha outra opção: “Eles (os perueiros) têm que voltar ao trabalho, senão o prefeito coloca quarenta ônibus nas linhas”.

O secretário municipal de Segurança, Trânsito e Transportes de Itapecerica, João Pereira, disse que ficou surpreso com a decisão de manter a paralisação: “não foi o que eles combinaram”, disse. Pereira disse também que não acredita que a paralisação realmente continue: “acho que aos poucos eles vão se dispensar e voltar ao trabalho”, afirmou. Ele disse ainda que iria aguardar até o final da tarde para ver se a paralisação continuaria: “se continuar, o prefeito vai tomar alguma atitude”, falou ele.

Os perueiros por sua vez dizem que vão manter os veículos estacionados em frente ao paço municipal. O objetivo seria pressionar a prefeitura, visto que naquele local haverá um show de rock no próximo sábado, em comemoração ao aniversário da cidade.

A paralisação do transporte já traz prejuízos para a população. A escola estadual Asdrúbal do Nascimento Queiroz, no Jardim Analândia, suspendeu as aulas. Os professores não conseguiram chegar ao bairro, que fica no distrito do Jardim Jacira, a cerca de oito quilômetros do Centro. O bairro é servido apenas pelo transporte alternativo, e o ponto de ônibus mais próximo da escola fica a cerca de dois quilômetros, na Rodovia José Simões Louro Júnior.

Texto: Karen Moura e Paulo Silveira

Fotos: Karen Moura

Comentários