Policial e testemunha preservada depõem no segundo dia do julgamento da fraude do IPTU de Taboão

Por Sandra Pereira | 22/01/2013

“Não me recordo”. Essa foi a frase mais repetida pelo investigador de segunda classe Ronaldo Nogueira nesta terça-feira, 22, no segundo dia do julgamento dos réus do processo que investiga a fraude do IPTU de Taboão da Serra. Ele foi duramente inquirido pelos advogados de defesa dos acusados. Chegou a discutir com o defensor do ex-vereador Carlos Andrade e da esposa dele  Claudia Pereira dos Santos e até sugeriu que ele estudasse mais.

Outro questionamento constante feito ao policial foi sobre quem acionou a grande imprensa para fazer a cobertura ao vivo das prisões feitas na cidade, além da motivação para o vazamento à grande imprensa dos relatórios da operação Cleptocracia.

Ronaldo Nogueira  também foi questionado a respeito do “interesse político” do investigador chefe do processo, Ivan Jerônimo, morto em 8 de maio de 2012. Os advogados de defesa tentaram levantar a tese de que as prisões de ex-vereadores, ex-secretários e ex-servidores municipais teve motivação política. Ele também foi inquirido sobre um processo que responde destinado a apuração de Crime contra a Paz Pública Quadrilha ou Bando, cuja tramitação ocorre em segredo de justiça e recentemente ele obteve habeas corpus visando resguardar seu sigilo bancário, fiscal e telefônico. À pedido do advogado da defesa do réu Bruno Bolfarini os documentos foram anexados aos autos.

“Não vou responder sobre esse assunto porque é de cunho de pessoal”, disse o policial.
O depoimento do investigador foi um dos mais longos até agora. Começou durante a manhã e só foi encerrado após a pausa para o almoço às 15h30. Nesse momento o juiz Guilherme Alves Lamas determinou que réus e a imprensa deixassem o salão do júri para colher o depoimento de uma testemunha preservada. Ela adentrou o local descaracterizada, toda coberta, numa cadeira de rodas e ainda teve a voz distorcida com a ajuda do equipamento de som. Somente os advogados de defesa, o ministério público e juiz acompanharam a oitiva.

Apesar de todo o esforço para manter em sigilo a identidade da testemunha os advogados de defesa alegaram se tratar de um servidor livre nomeado da prefeitura  que havia sido exonerado após o primeiro depoimento à polícia e teria retornado posteriormente em um cargo de valor bem maior. A defesa de Bruno Bolfarini chegou a anexar aos autos cópias do que seriam as portarias de exoneração e nomeação da testemunha. Eles tentam provar que a testemunha preservada obteve vantagens após prestar depoimento já que passou a receber salário quase três vezes maior.

Nesta quarta-feira, 23, os trabalhos serão retomados às 10 horas da manhã. Ao todo a Justiça ouviu cinco das 14 testemunhas de acusação arroladas no processo.

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