Feliz Dia do Jornalista para nós!

07/04/2012 | Sandra Pereira

Foi preenchendo um cadastro de biblioteca que eu disse pela primeira vez, em 2001, a frase que marcou a minha vida: “sou jornalista”. As pessoas na fila me olharam e analisaram com cuidado. O atendente até então apático ergueu a cabeça, sorriu, externou satisfação visível e admitiu: “nossa! Esse o meu sonho”. A sinceridade dele inspirou a minha: o “meu também”, disse com um sorriso que não cabia no rosto. Deixei o lugar extasiada e revivi a cena várias vezes em pensamento.

Nunca mais encontrei aquele atendente que me deu antes de qualquer outra pessoa a oportunidade de dizer com todo orgulho que sou jornalista. Eu já tinha treinado a frase no espelho algumas vezes, mas dizê-la a outras pessoas foi incomparável. Vi todas e cada uma delas me olhando diferente e ousei me sentir especial.

Desde aquele dia repeti a frase algumas centenas de milhares de vezes, e todas elas com o mesmo amor e a certeza de que fiz a escolha certa na minha vida profissional. Eu poderia ter escolhido qualquer outra profissão, mas em nenhuma delas teria a felicidade de repetir “eu sou jornalista”.

Nem mesmo diante das pautas mais complicadas, ou das denúncias mais perigosas e, ainda quando me deparo com situações de absoluta miséria, ou de total descaso por parte do poder público, jamais pensei em desistir de ser jornalista. Nunca senti ou sinto que poderia fazer outra coisa. Aliás, é essa possibilidade incrível de estar em vários locais, com várias pessoas e aprendendo sempre que torna o jornalismo uma profissão especial.

Quem é jornalista mesmo é diferente e age diferente. A gente muda a vida por uma pauta. Atravessa um rio, mesmo sem saber nadar, por uma boa informação. Desiste da viagem dos sonhos por um grande furo. Abandona a própria lua de mel, numa ilha paradisíaca, se um avião cair nela.

 Jornalista é jornalista em todo lugar e ponto. É impossível conviver bem com a gente sem entender isso, e, sem compartilhar dessa coisa meio louca de amar tanto algo que só é palpável a nós mesmos.

Porque eu gosto disso? Não faço idéia e tenho certeza que outros jornalistas também não. Acho que nascemos assim. Sei que faria tudo de novo um milhão de vezes e sempre ia valer à pena. Talvez só descobrisse formas diferentes de fazê-lo.

 Admito sem dor. Sou jornalista. Romântica. Tenho fé em Deus. Acredito nas pessoas e sou feliz com a opção de vida que fiz.  Até hoje, e, certamente quando eu tiver 90 anos, e alguém me der a oportunidade de dizer “eu sou jornalista” vou dar o meu melhor sorriso.

Nesse 7 de abril, nosso dia, quero desejar a todos nós feliz dia do Jornalista! Mas, sem deixar de dizer que um dia é muito pouco para lembrar a luta histórica dos nossos antecessores pela liberdade de pensar, falar, e escrever para melhorar o mundo. Um ideal tão grande que não cabe dentro da própria vida de cada um. Por isso temos tantos mártires na luta pela liberdade de imprensa. Talvez venha daí nosso amor tão irrestrito pelo que somos, e, nossa luta tão constante pelo que queremos. 

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