Servidores de Taboão da Serra retornam ao estado de greve e aguardam aprovação de projeto sobre equiparação salarial
Os servidores públicos de Taboão da Serra retornaram ao estado de greve por tempo indeterminado nesta terça-feira (10), após acompanharem a sessão da Câmara Municipal. A decisão foi tomada diante da ausência de votação do projeto de lei que prevê a equiparação do salário base ao mínimo nacional, principal demanda da categoria.
Segundo o presidente do Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais de Taboão da Serra (SINDTABOÃO), Anderson Luís Pereira, a mobilização agora segue com os trabalhadores atuando normalmente em suas unidades, enquanto aguardam o avanço da tramitação legislativa.
“Não vai continuar a greve. Vamos ficar em estado de greve, trabalhando nos postos, tudo conforme anteriormente, até que se vote definitivamente esse projeto”, afirmou.
Ele destacou ainda que, embora houvesse expectativa de votação nesta semana, já havia sido informado de que o estudo atuarial solicitado pela TaboãoPrev ainda está em andamento. Anderson acrescentou que os vereadores se comprometeram a convocar uma sessão extraordinária assim que o parecer for finalizado.
A presidente da TaboãoPrev, Eliana Berdini, participou da sessão e esclareceu que o estudo atuarial não tem função de autorizar ou negar o reajuste, mas sim de calcular o impacto da medida nas contas públicas.
“É como quando alguém vai comprar um tênis: precisa ver se pode pagar. O estudo mostra quanto o município pode assumir. Mas ele não diz se pode ou não fazer, ele apenas projeta o impacto”, explicou.
Ela reforçou que o documento é obrigatório por lei, já foi solicitado à empresa contratada e deve ser concluído entre 30 e 45 dias.
“Estamos pedindo prioridade máxima, mas não dá para fazer de qualquer jeito. Isso comprometeria todo o sistema.”
Durante a sessão, parlamentares também se posicionaram sobre o tema. A vereadora Professora Najara Costa lembrou que seu mandato protocolou, ainda em março, uma proposta de emenda à Lei Orgânica do Município para garantir que nenhum servidor receba menos que o salário mínimo como base.
“Mesmo quem recebeu 4,77% de reajuste segue com salário base abaixo do mínimo. Isso interfere, inclusive, no valor da hora extra. É o mínimo do mínimo. Estamos falando do óbvio”, afirmou. Ela também destacou o perfil dos servidores da base: “A maioria são mulheres, pessoas negras, mães atípicas pessoas que estão no limite. A política precisa responder com pragmatismo.”
O vereador Anderson Nóbrega elogiou a organização e a postura do sindicato.
“Foi uma atitude correta do prefeito de fazer uma reunião transmitida ao vivo. O Anderson [presidente do sindicato] buscou o apoio de forma educada, transparente. Parabéns ao sindicato e aos servidores. É assim, com organização, que se avança.”
Ele também reforçou que a Câmara segue aberta ao diálogo com a categoria.
Apesar do projeto ainda não ter sido votado, o clima entre o sindicato, o Legislativo e representantes do Executivo se manteve respeitoso. O presidente do SINDTABOÃO reforçou que a mobilização continua.
“Queremos avançar nessa pauta e, avançando nisso, vamos para as outras: dissídio, vale-alimentação, gratificações. A luta não para", concluiu.
Camila Joseph