Especialista aponta as causas dos alagamentos em Embu das Artes

Por Outro autor | 27/01/2017

De acordo com o geólogo João Cristophe, "o agravamento dos fenômenos de inundações fluviais se deve, basicamente, ao fato de que a urbanização e o Plano Diretor não consideraram as características geológicas, geomorfológicas e geotécnicas do município".

Pelas particularidades, a região tem propensão natural ao acúmulo de água em época de chuvas fortes e deveria esperar os eventos climáticos com a preservação de suas áreas de várzeas, para minimizar os impactos.

Na prática, de acordo com o geólogo, intervenções significativas na paisagem, resultantes da forte expansão urbana pela qual a cidade passa, agravam o potencial destrutivo das enchentes: "obras civis, construção de galpões, impermeabilização do solo, cortes de morros e aterros das várzeas, são diretamente responsáveis pelo aumento de volume e concentração de águas superficiais e da erosão acentuada das encostas", revela.

IMPACTOS NA PRÁTICA

As chuvas fortes que caíram na última semana, sobretudo nos dias 18 e 19, deixaram diversos pontos do município embaixo d'água. Especialmente na região central, por onde passam os rios Embu-Mirim e Ribeirão da Ressaca.

O mesmo aconteceu em anos anteriores. Em 2016, após ocorrências de enchentes no período chuvoso, moradores e comerciantes locais se reuniram com a prefeitura para buscar soluções. No último trimestre, os dois rios receberam obras para limpeza e desassoreamento, mas os efeitos não saíram conforme o esperado.

A condução do projeto de limpeza nos rios foi alvo de denúncias da Sociedade Ecológica Amigos de Embu (SEAE) para órgãos ambientais, por desmatamentos de mata ciliar, aterros de várzeas e depósito de resíduos nas próprias margens.

Na Rua dos Matões, paralela ao rio Ribeirão da Ressaca, moradores protestaram. "Em vez das máquinas fazerem desassoreamento, abriram as margens do rio, que ocasionaram erosões", comenta a moradora Valéria.

A nova prefeitura tem em mãos o desafio de encontrar soluções criativas e sustentáveis para contornar o problema.

Para o geólogo João Cristophe, "não existe mágica: é preciso uma séria retomada de diretrizes na forma de um novo Plano Diretor, com propostas de ações corretivas e mitigadoras a curto, médio e longo prazo". 

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