Placas de túmulos somem do Cemitério da Saudade em Taboão
14/09/2010 | Outro autor
Placas de identificação de sepultados de 47 túmulos ou ossários foram furtadas do cemitério de Taboão da Serra. A administração do Cemitério da Saudade, no Jardim Helena, aponta que as peças foram levadas "entre 29 e 30 de agosto em hora incerta" e no dia 31 "de madrugada", conforme os dois boletins registrados na delegacia da cidade.
O diretor Lucio Nogueira, conhecido por Tigrão, disse lamentar o furto. "Tem pessoas que não dão conta de que aqui é um cemitério, não tem sentimento", declarou. Ele se disse "incomodado" com o fato, mas que as placas subtraídas representam "pouco" diante das duas mil que estima estarem fixadas nas sepulturas.
O cemitério ainda tem muros baixos e não dispõe de guarda. O segundo B.O. registra que representante do cemitério relata "que o local vem sendo alvo de indivíduos furtadores, mas não conta com vigilância noturna interna, apenas um porteiro que fica na guarita instalada na entrada".
"Este cemitério está precisando de mais segurança", reclamou Iracema Anulino da Silva, 42, moradora do Intercap, ao diretor. A placa do ossário do avô dela foi arrancada. "De dia, nunca tivemos esse problema", alegou Nogueira. Ele argumentou também que as placas são de latão, não de bronze, e não teriam valor comercial, mas reconheceu que "se roubaram é porque têm lugar para passar".
"Ainda tive de ouvir que vou ter que pagar se quiser que colocar outra, que vão fazer preço de custo", protestou Iracema, sobre orientação de funcionária. Ela disse ter pago R$ 150 ao cemitério pela placa. Também reclamou de não ter sido avisada do furto.
"Se roubam o cemitério, a culpa é minha? Ponham segurança. A prefeitura vai ter de arcar com o prejuízo. Dou outra foto [do finado], e mandam fazer outra", disse Djalma Dias, 47, do Jardim Roberto. A placa do filho, pela qual pagou R$ 100, não está mais no lugar. Fotos dos falecidos foram retiradas e jogadas ao chão.
Moradora do Parque São Joaquim, Zilda de Jesus colocou a placa no ossário do pai fazia apenas 15 dias quando foi furtada. "A prefeitura tem responsabilidade pelo que aconteceu, isso não vai ficar assim", disse Zilda, 28.
Os familiares de sepultados cujos túmulos ou ossários tiveram a placa de identificação furtada não foram avisados do delito pela direção do Cemitério da Saudade, para irritação ainda maior dos parentes.
"O que me deixa mais indignada é eles não avisarem a família, a gente chega e toma um susto", disse Iracema Anulino da Silva, que soube do "lamentável" ocorrido só ao visitar o espaço do avô, na tarde de quinta-feira, dia 9, mais de uma semana depois do furto. "Tiveram muito tempo para avisar", disse Maria do Céu Silva, mãe de Iracema, a quem acompanhava, e filha do homem sepultado.
O diretor do cemitério, Lucio Nogueira, alegou precisar esperar "resposta da polícia primeiro" sobre as circunstâncias do furto para poder contatar os familiares. "Discordo, tinham que ter comunicado independente da investigação", rebateu Iracema, ao cobrar do diretor explicações, logo após constatar a falta da placa no lugar.
Instantes antes de ser solicitado a atender a moradora inconformada com o furto, Nogueira recebeu o ATOS no gabinete para falar sobre o assunto e deu outra justificativa para não procurar os parentes prejudicados. "Muitos sepultamentos são de muito tempo atrás, a família nem mora mais em Taboão", disse.
Iracema foi encaminhada por uma funcionária para falar com o diretor após discordar em pagar para ter colocada outra identificação. Procurada pelo ATOS, a prefeitura, por meio da assessoria, informou que vai aguardar laudo técnico da perícia feita para decidir se vai "fornecer, ou as famílias vão ter de arcar com os custos de novas placas".
"De acordo com o diretor do cemitério [da Saudade], Lucio Carlos Loiola Nogueira, foram roubadas 47 placas. Foi feito BO na delegacia, a perícia já foi no local e agora precisamos aguardar o laudo técnico da perícia para que seja dado andamento no processo. Sobre a reposição das placas, a prefeitura ainda está vendo o que será feito", diz a nota enviada à reportagem.
Texto e Fotos: Adilson Oliveira do Jornal Atos