Oásis impedem crise hídrica em regiões de Itapecerica da Serra
Por Outro autor | 12/11/2015
Segundo a Sabesp, a implantação de um sistema de menor porte é a melhor estratégia para atender à população de uma determinada região sem exigir os altos custos de uma interligação, mas com garantia da vazão necessária. Essas pequenas cidades, bairros e distritos estão distantes ou não totalmente conectadas ao sistema integrado formado por grandes reservatórios, como o Cantareira, Alto Tietê e Guarapiranga.
Na Região Metropolitana de São Paulo, os mananciais superficiais (lagos, lagoas e rios) são explorados para atender Barueri, Biritiba-Mirim, Juquitiba, Mairiporã, Pirapora do Bom Jesus, Salesópolis, Santana de Parnaíba e São Lourenço da Serra, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). De acordo com a Sabesp, as regiões de Santa Adélia, Natura e Ressaca, em Itapecerica da Serra, e Pirapora do Bom Jesus são atendidos por poços profundos.
A Sabesp não informou ao G1 qual o volume de água captada, qual a capacidade de produção de cada sistema isolado da Grande São Paulo e o detalhamento dos bairros abastecidos pelos pequenos reservatórios. "Não há problemas de abastecimento nas localidades atendidas por esses sistemas. O monitoramento do seu nível é feito de forma constante, seguindo as determinações dos órgãos reguladores", disse a Sabesp, em nota.
Um relatório do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, com dados de 2010 da companhia, apontou que 306 mil dos 20 milhões de moradores da Grande SP são atendidos pelos sistemas isolados. As águas subterrâneas (poços profundos) são as mais exploradas, com captação de 348 litros por segundo, de acordo com o documento.
O professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em recursos hídricos Antônio Carlos Zuffo diz que os sistemas isolados são mais "resistentes” à seca porque estão recebendo recarga não só pela chuva, mas também por lençóis freáticos e nascentes. Zuffo, no entanto, ressaltou que os reservatórios não são fonte infinita de água.
Sem falta d'água
"Nunca tive problema com falta d'água", relatou a cabelereira Marisa Alves, proprietária de um salão de beleza em um centro comercial em Aldeia da Serra. Mas quando a crise hídrica começou, Marisa ficou com medo de ficar sem água e perder clientes.
Por isso, mesmo sem precisar, a cabelereira se antecipou e instalou um aquecedor a gás mais moderno para os lavatórios, que não desperdiça água enquanto ela é aquecida, e também trocou os chuveirinhos para melhor controle de saída da água.
A comerciante Cristina Cunha, também moradora de um condomínio residencial em Aldeia da Serra, disse que teve problemas "esporádicos" com falta d'água. Com duas caixas d'água em casa, ela afirmou que, mesmo sem cortes no abastecimento, ela e vizinhos colocaram em prática ações de redução de consumo e economia de água para não ficar com as torneiras secas.
Essas foram as mesmas medidas preventivas adotadas na casa aposentada Edna Coppo, que vive na mesma região. "Não deixei mais lavar o quintal, mudei o jeito de limpar a piscina e começamos a usar a água da chuva para lavar o piso. Mas nunca tive problema com corte de água em casa, de chegar ao ponto de ficar sem água na torneira. Se teve, foi para alguma manutenção de rotina mesmo", completou.