Todos estamos de luto pelo bebê sírio que a humanidade matou

Por Sandra Pereira | 4/09/2015

O que nós chamamos de humanidade está padecendo de luto e vergonha. É o mínimo que qualquer um de nós pode sentir depois de ver as imagens do bebê sírio morto na praia. Bebês são presentes de Deus. Doces por natureza. Capazes de amolecer os mais duros dos corações, fazer sorrir os tristes e dar esperança aos desesperançados. Ver aquele corpinho frágil estendido na areia, como que dormindo num berço de ondas, mexeu profundamente com corações em todas as partes do mundo. 

Forte demais para qualquer humano aquela imagem precisava ser conhecida por todos. O sono eterno daquele pequeno bebê teve a missão de despertar o mundo para a barbárie da guerra síria, que obriga famílias sírias a arriscarem suas próprias vidas em busca de segurança. Aquela imagem tem que provocar uma onda de indignação capaz de lavar todo mundo. Cada um, de sua forma, em seu canto deve fazer lembrar o horror enfrentado pela família que se tornou símbolo dessa tragédia. Os ilustradores de quem utilizo a imagem que ilustra esse texto são exemplo dessa rede de gente que não aceita tamanha crueldade e desumanidade. 

Não dá pra imaginar o que sentiu aquele soldado que carregou o corpinho frágil daquele bebê nos braços. Não sei de onde aquele homem tirou forças para fazer o certo. No lugar dele não sei se seria capaz de me mover. No lugar da fotógrafa que fez a foto mais marcante da nossa história recente não sei se minhas mãos me deixariam segurar a câmera com a firmeza necessária.

Nenhuma mulher, nenhuma mãe na terra, nenhum homem, consegue olhar aquela imagem sem chorar e se indignar. A humanidade desabou em lágrimas. Aquela cena não será esquecida. Aquele bebê que eu acredito estar brincando e sorrindo no céu sacudiu o que chamamos de humanidade. O mundo deve a ele, como símbolo da dor de todas as famílias atingidas, uma resposta. O fim daquela dor. O fim daquele horror. 

Sei que o pai do bebê, único sobrevivente da família, terá dias de dor e sofrimento como jamais poderei imaginar. Peço ao Senhor que o dê a força necessária para carregar esse fardo. Ele disse à imprensa que os filhos escaparam de suas mãos. A nossa tão citada humanidade fugiu das nossas. Digo nossas porque o mundo inteiro tem que se sentir vergonha pela morte daquele bebê e de tantas outras pessoas que perdem suas vidas brigando pelo direito de viver.

Sandra Pereira é Jornalista formada pela Universidade Federal de Alagoas e pós graduanda em Comunicação e Marketing

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